Conflito na região etíope de Amhara com impacto "catastrófico" na saúde

O Governo etíope alertou hoje que o conflito em Amhara está a ter consequências "catastróficas" no sistema de saúde desta região, a segunda mais populosa, que vive uma insurreição armada há mais de ano e meio.

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© J. Countess/Getty Images

Lusa
26/11/2024 14:29 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Etiópia

"O impacto deste conflito nos serviços de saúde e humanitários tem sido catastrófico", lamentou o Ministro da Saúde da Etiópia, Ayele Teshome, numa conferência de imprensa em Adis Abeba.

 

"Por um lado, a procura de serviços de saúde aumentou e, por outro, o acesso a estes serviços essenciais deteriorou-se consideravelmente", prosseguiu.

Segundo Ayele Teshome, as autoridades constataram "taxas alarmantes de subnutrição aguda, nomeadamente entre as crianças" e esta "crise afetou de forma desproporcionada as pessoas já marginalizadas, nomeadamente nas zonas remotas e rurais".

Os Fano, milícias populares tradicionais de "autodefesa" da etnia Amhara, pegaram em armas contra o Governo em abril de 2023 nesta região setentrional de 23 milhões de habitantes.

O conflito foi desencadeado pela vontade das autoridades federais de desarmar os Fano e as forças de segurança regionais de Amhara. Em agosto de 2023, o Governo declarou o estado de emergência em Amhara, que expirou em junho.

Em setembro, um grande número de forças federais foi destacado para toda a região.

O acesso humanitário é dificultado pela situação de segurança, sendo os raptos para obtenção de resgate frequentes em muitas zonas do país.

Entre janeiro e agosto de 2024, oito trabalhadores humanitários foram mortos na Etiópia, incluindo seis só na região de Amhara, de acordo com o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (Ocha).

Para reconstruir os hospitais destruídos durante o conflito, Ayele Teshome apelou aos "parceiros e à comunidade internacional".

No início de novembro, os Estados Unidos manifestaram a sua "preocupação" com a "violência crescente" em Amhara, apelando ao "diálogo político para resolver os outros conflitos internos da Etiópia".

Entre novembro de 2020 e novembro de 2022, o país da África Oriental, com cerca de 120 milhões de habitantes, foi dominado por uma guerra sangrenta entre as forças federais e os rebeldes na região norte de Tigray.

Desde novembro de 2022, as armas calaram-se, mas os conflitos armados prosseguem na região de Amhara e em Oromia, a região mais populosa do país.

Leia Também: África continua a registar as mais elevadas taxas de femicídio do mundo

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