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"Costa é irresponsável, escravo de BE e PCP e manietado por ala do PS"

O deputado social-democrata Duarte Marques é o entrevistado do Vozes ao Minuto desta semana.

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© Global Imagens

Inês André de Figueiredo
11/01/2017 12:10 ‧ 11/01/2017 por Inês André de Figueiredo

Política

Duarte Marques

Na segunda parte da entrevista ao Notícias ao Minuto, o social-democrata Duarte Marques garantiu que o rumo seguido pela Esquerda está a prejudicar os portugueses, atribuindo as culpas a um primeiro-ministro “irresponsável” e a um Governo que “só pensa nas eleições”. O deputado falou ainda das autárquicas, desvalorizando a preocupação em torno da falta de candidato do PSD a Lisboa e explicando que o calendário está a ser cumprido.

O rumo que está a ser seguido pela Esquerda está a prejudicar o esforço que os portugueses fizeram durante a estadia da troika?

Claro que está a prejudicar. Está a desrespeitar o esforço dos portugueses. Porque hoje em dia, apesar da imagem de tranquilidade e de esperança que este Governo tem passado, o que é verdade é que o país não está a recuperar como estava e isso, infelizmente, tem consequências no futuro. Apesar da imagem do país estar a recuperar, o país está a recuperar mais devagar e em alguns casos está a andar para trás.

Era melhor que o país não recuperasse tão rapidamente algum tipo de rendimentos ou posições, mas que o que recuperasse fosse sólido.

Está a dar-se mais agora e a prejudicar o futuro?

Não se está a fazer de propósito mas a irresponsabilidade é essa. O Governo quis fazer tudo tão depressa para ganhar popularidade, para subir as sondagens e é óbvio que isso a médio/longo prazo tem custos porque não há milagres. O que estamos a ver é que muitas das medidas que António Costa está a tomar são aquelas que José Sócrates tomou e que nos levaram à bancarrota.

Não é aceitável não estarmos preocupados com a subida dos juros. Se pagamos mais em juros da dívida estamos a ter menos dinheiro para pagar salários a professores, apoios a hospitais, incentivos às empresas, dar resposta aos serviços públicos de qualidade. E é esta irresponsabilidade toda que vai aumentar os juros da dívida portuguesa e tirar dinheiro de áreas em que precisamos mais.

A ideia de que poderá haver um segundo resgate é credível ou está colocada de parte?

Segundo as palavras do ministro das Finanças, um segundo resgate era uma possibilidade. Nós não acreditamos nem queremos acreditar que isso seja possível. Isso era o descalabro total e espero que este Governo tenha juízo e que não cheguemos lá.

Não é desejável para ninguém e é impensável para o PSD.

Tendo em conta a ideia de eleições antecipadas que chegou a ser falada após a formação da 'Geringonça', o PSD será mesmo oposição até 2019?

O PSD não quer eleições antecipadas nem pode querer. O PSD tem de respeitar os mandatos. O PSD não pode dizer uma coisa no poder e outra na oposição. O PSD quer é que o Governo governe. Há muitas reformas por fazer que este Governo não fez e que não podem ser mais adiadas. 

O PSD não quer eleições antecipadas nem pode querer. O que o PSD quer para estes próximos anos não é que este Governo caia, é que este Governo tenha sucessoIsto não pode ser um Governo de PowerPoints e de vacas a voar. O que o PSD quer para estes próximos anos não é que este Governo caia, é que este Governo tenha sucesso. O PSD prefere um governo de sucesso de Esquerda do que um governo de desgraça de Esquerda. Não há dúvida.

Mas o caminho que está a ser seguido beneficia este Governo de Esquerda para as próximas eleições?

Este é um Governo que só pensa nas eleições. Só pensa nas autárquicas e a seguir só pensa nas outras [legislativas]. É um Governo que não olha a meios para beneficiar os seus e as suas clientelas.

E essa política populista de que fala vai ser benéfica para o Governo nas eleições futuras, já que os níveis de popularidade têm subido bastante?

Eu até estranho como é que não subiram mais. Com tanta medida populista que este Governo tem tomado, a mim surpreendem-me as sondagens. Eu estava à espera de que António Costa estivesse muito mais em cima e o PSD muito mais em baixo. E apesar de tudo não está.

E por falar em eleições. As autárquicas estão à porta e o PSD não tem candidato à Câmara de Lisboa. Apoiar Assunção Cristas está fora de questão?

Eu penso que para já estará fora de questão. O PSD terá um candidato próprio, é uma questão que diz respeito a Lisboa e não é tarde. O Porto também ainda não tem um candidato do Partido Socialista.

No calendário do PSD os candidatos devem ser anunciados a partir de 2017. Não estávamos à espera de ter um candidato antes.

Não vou esconder que Pedro Santana Lopes era o candidato que o PSD preferia mas há outros. O PSD é um partido com muita gente e o que não falta é gente do PSD e independentes para serem candidatos.

Sendo que Santana Lopes era tido como o mais forte candidato, há alguém que possa travar uma batalha de igual para igual com Fernando Medina e Assunção Cristas?

O PSD tem candidatos muito melhores do que Fernando Medina. Não quero falar sobre candidatos, mas o PSD tem vários dirigentes, ex-dirigentes, ex-presidentes do partido com popularidade que dariam excelentes candidatos a Lisboa, ao Porto ou a outra câmara.

Pedro Passos Coelho tem sido posto em causa dentro do partido. Quem é que estaria apto para chegar à sua posição?

Quando nós temos um líder de partido eleito e legitimado falar de alternativas é sempre um bocadinho irresponsável porque, ao contrário de outras pessoas que acham que quando querem prejudicar o líder de um partido fazem críticas públicas de forma constante, fazem-no por duas razões. Primeiro porque querem um líder de partido que possam influenciar e, segundo, não percebem que estão a prejudicar o partido e não o líder.

Outra coisa é discordar do que o partido faz, apontar defeitos, discordar aqui ou ali. Acho muito bem que quem não concorda com Passos Coelho o faça.

O PSD neste momento tem uma liderança forte, tem eleições pela frente que temos de enfrentar e aqueles que apenas fazem oposição interna, neste momento, são irresponsáveis e apenas emissários de António Costa, não tem outra explicação.

E Rui Rio, que assumiu que poderia ser candidato?

Rui Rio não faz uma oposição sistematizada a Pedro Passos Coelho. Fez uma ou duas entrevistas em que discordou de algumas coisas.

É uma hipótese como muitas mais em cima da mesa. Acho que o sucessor de Pedro Passos Coelho é muito provável que seja Pedro Passos Coelho, mas o partido é cheio de gente rica e de imensa qualidade para suceder a Passos Coelho.

Não estou preocupado com a liderança do PSD porque sei que Pedro Passos Coelho ou outro facilmente serão mais responsáveis do que António Costa ou outro líder do Partido Socialista. Neste momento na política mais do que ideologia devemos falar de responsabilidade das pessoas.

O que me preocupa em António Costa não é ser socialista, é ser irresponsável, é estar escravo de dois partidos irresponsáveis [Bloco e PCP], é estar manietado por uma ala Esquerda do Partido Socialista que não vive neste mundo, deve viver no mundo das vacas voadoras.

Pedro Passos Coelho está apto para continuar a travar essa batalha de oposição?

Claro que sim. É uma pessoa resistente, resiliente, que num período importante da História de Portugal foi um líder respeitado por todos.

Este convite para almoçar que Marcelo Rebelo de Sousa fez a Passos Coelho foi para fumar o cachimbo da paz?

Eu espero que eles tenham comido, não tenham fumado [risos]. Mas parece-me bastante normal. Há muitas coisas que o Presidente faz sem ninguém saber e que faz bem. Eles têm muita coisa em comum que pouca gente sabe, do ponto de vista daquilo que fazem na sua agenda privada, na forma como lidam com quem mais precisa, da forma discreta como prestam apoio social a muita gente. Têm mais coisas em comum do que as pessoas pensam.

Marcelo tem um papel importante nesta normalização, nesta tal ‘descrispação’ e acho que, a seguir a Cavaco Silva, foi tirar uma válvula da panela de pressão para muita gente. Marcelo no fundo voltou a criar uma figura mais amado do Presidente da República, não digo que seja melhor do que Cavaco Silva, mas mais amada. 

Marcelo, a seguir a Cavaco Silva, foi tirar uma válvula da panela de pressão para muita genteNós sabíamos que ia ser assim e o PSD foi decisivo na eleição de Marcelo. A Esquerda, de forma ridícula, sempre chamou tudo a Marcelo. Fizeram uma campanha vergonhosa contra Marcelo durante as eleições e agora já perceberam que Marcelo é uma pessoa normal, até mais normal do que é costume num Presidente da República.

E em relação a Duarte Marques, qual é a sua ambição dentro do partido?

É que o partido possa governar Portugal e possa tirar Portugal desse caminho de populismo e Duarte Marques está preocupado com o seu distrito, com o país. Sou uma pessoa que tomou o lugar muito preocupado com a Europa, com os assuntos europeus e em que haja uma geração, que é a minha, que não vai viver tão bem como a anterior e que vê que a sustentabilidade do país está a ser posta em causa e que isso só prejudica as gerações que vêm a seguir.

Como é conjugar uma vida política com um cargo na direção da HELPO – Organização Não Governamental para o Desenvolvimento?

É muito simples. Eu de forma pública não tomo posições sobre isso e não dou a cara por essa organização para não a prejudicar. Se disser que dedico muitas horas dos meus dias ou semanas a essa organização é verdade e se um dia pudesse dedicar-me a isso a tempo inteiro era o homem mais feliz do mundo.

Pode ler a primeira parte desta entrevista aqui.

 

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