Professor universitário, comentador desportivo e agora candidato à Câmara Municipal de Loures. Falamos de André Ventura, o cabeça-de-lista da coligação ‘Primeiro Loures’ que quer destronar Bernardino Soares da ‘cadeira do poder’ onde se encontra desde 2013.
Para o candidato do PSD e do CDS, há vários problemas no concelho de Loures que têm de ser resolvidos com urgência, acusando o autarca da coligação CDU de querer “manter o concelho fechado sobre si próprio”.
Uma das bandeiras da sua candidatura é a aplicação do sistema de videovigilância no concelho para pôr cobro à criminalidade que, diz, continua a dar motivos para preocupações. E as minorias étnicas, em especial, a etnia cigana, são as maiores visadas pelas críticas.
Como é que surgiu o convite do PSD para se candidatar à Câmara Municipal de Loures?
Surgiu devido à minha conhecida proximidade ao concelho e também à minha proximidade às estruturas do PSD que nunca neguei. Foi uma conjugação de vontades: vontade do partido em perceber que a minha intervenção pública podia ser útil e uma vontade minha em deixar de ser apenas um comentador na televisão e nos jornais e um professor universitário e passar a colocar esse conhecimento ao serviço público.
Loures tem sido o parente pobre da área metropolitana de Lisboa e isso é muito desagradávelPorque é que aceitou o desafio?
Por sentir que Loures tem sido o parente pobre da área metropolitana de Lisboa e isso é muito desagradável. Olhamos para os outros concelhos vizinhos e vemos o trabalho que é feito, o nível de desenvolvimento que têm. Foi essencialmente o desafio de colocar Loures no ranking dos melhores concelhos para se trabalhar e viver que aceitei o desafio.
O concelho de Loures está preso à ideologia comunista. Sente-se aquele ambiente típico do PCP, aquele ambiente tipicamente soviético: importam as associações, importa manter tudo estável, importa não responder nem criar grande agitação mediática, é próprio da ideologia que consome e que faz parte deste executivo camarário.
Em que se reflete esta ideologia?
Por exemplo, na semana passada denunciei o executivo liderado pelo dr. Bernardino Soares por utilizar o dinheiro público para realizar estudos de opinião e sondagens. Temos aqui a questão da violação dos deveres políticos de utilizar meios públicos para fazer sondagens, por outro a questão de um crime eleitoral estar aqui em causa por violação destes deveres. E a questão que se coloca é como é que o presidente da Câmara Municipal nem se dá ao trabalho de vir responder a isto? Não veio responder porque é a ideologia que o norteia, que é manter tudo fechado, manter tudo sombrio a ver se as coisas passam. É o típico da espinha dorsal do PCP. O dr. Bernardino Soares acha que está acima da lei e que não tem de explicar nada. Espero que as instituições façam o seu trabalho e apurem o que se passou.
É impensável que não haja um sistema de videovigilância no concelhoQuais são então as grandes bandeiras da sua candidatura?
O emprego é fundamental e não é só a questão dos números, é parte da qualidade de vida. Temos de ajudar as famílias a estabelecerem-se para que não tenham de estar os dias a ir para outros concelhos para trabalhar. A mobilidade é outra questão. Loures está a aproximar-se do que acontece em Sintra em que as filas de trânsito são terríveis. Mas não só. Quem está em Santa Iria da Azóia tem de apanhar três transportes públicos para chegar ao Hospital Beatriz Ângelo. Outra das nossas bandeiras é a segurança. Há imensos bairros problemáticos, notícias de tiroteios… é impensável que não haja um sistema de videovigilância no concelho.
Não compreendo que haja pessoas à espera de reabilitação nas suas habitações, quando algumas famílias, por serem de etnia cigana, têm sempre a casa arranjadaA videovigilância vai resolver o problema dos bairros sociais?
Não digo que vá resolver tudo, mas vai ajudar. Isto que vou dizer pode não ser muito popular, mas é a verdade: temos tido uma excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas. Não compreendo que haja pessoas à espera de reabilitação nas suas habitações, quando algumas famílias, por serem de etnia cigana, têm sempre a casa arranjada. Já para não falar que ocupam espaços ilegalmente e ninguém faz nada. Quem tem de trabalhar todos os dias para pagar as contas no final do mês olha para isto com enorme perplexidade. Isto não é racismo nem xenofobia, é resolver um problema que existe porque há minorias no nosso país que acham que estão acima da lei.
Como é que se resolve este problema?
Tratando de igual forma estas etnias e os restantes cidadãos. Se há pessoas a ocuparem ilegalmente fogos imobiliários que não lhes pertencem a Câmara tem de garantir que estes imóveis fiquem livres para quem efetivamente merece. Não podemos é ter casas ocupadas ilegalmente ao jeito dos anos 60 e 70. O poder político não pode ter receio.
O PCP sabe que não está num concelho culturalmente comunistaPorque é que, na sua opinião, o executivo camarário ainda não resolveu este problema?
Porque é uma questão desconfortável eleitoralmente. O PCP sabe que não está num concelho culturalmente comunista. Sabe que aquilo que faz pode vir a condicionar o resultado eleitoral. E é também uma questão de conceito ideológico de achar que há determinados grupos que, por pertencerem a determinadas minorias, têm de ter um tratamento diferenciado.
Há alguma medida tomada por Bernardino Soares que o tenha surpreendido pela positiva?
A questão da descida do IMI e a criação da Polícia Municipal foram questões que acho que foram positivas. São medidas que temos de aplaudir.
Há quatro anos o lema era ‘Colocar Loures no Mapa’ e acho que foi colocado no mapa mas pela negativaE pela negativa?
Há quatro anos o lema era ‘Colocar Loures no Mapa’ e acho que foi colocado no mapa mas pela negativa. Ouvimos falar de criminalidade, de rusgas a determinados bairros e de uma contínua caracterização de Loures como concelho dormitório. A nível de creches e lares é um exemplo gritante. Com imensas instituições e organizações como IPSS e privados capazes de assegurar soluções, o executivo, por questões de preconceito ideológico, prefere ou criar de raiz ou não criar.
*Pode ler a primeira parte desta entrevista aqui.