Mamma mia! É o que nos apraz dizer mal pisamos pela primeira vez o acelerador no Alfa Romeo 4C Spider. Um supercarro com alma própria, que está longe de agradar aos comuns condutores do dia-a-dia. Porquê? Já lá vamos…
O Desporto ao Minuto fez-se à estrada com este modelo da marca de Arese e, acredite, há muito que dizer sobre o 4C Spider. Produzido na fábrica da Maserati de Modena, este é o ícone moderno da marca, pois representa a essência desportiva inscrita no ADN Alfa Romeo.
Automóveis como o Mito ou o Giuletta foram feitos a pensar nas vendas, já este é claramente um regresso à imagem do ‘cuore sportivo’ que a Alfa Romeo habituou os seus amantes.
Exterior
Simplesmente deslumbrante. A carroçaria do 4C faz transparecer tudo aquilo que ele é na estrada. Um puro desportivo com uma frente bastante agressiva e uma traseira com umas ‘ancas’ bem delineadas.
Se gosta de um automóvel discreto, esqueça. Este não é o carro certo para si. Colado ao chão, grelhas a acompanhar toda a parte frontal, um pára-brisas apenas, vidro da porta cortado, jantes de 18’ com pinças amarelas, ponteiras Akrapovic. Enfim, um design de um puro superdesportivo italiano e uma linha que é como o algodão: Não engana, porque neste caso todos diriam que este é um verdadeiro modelo à imagem da Alfa Romeo.
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Interior
Dentro do habitáculo é onde as nossas críticas mais se acentuam. Por mais acabamentos de qualidade e fibra de carbono que a Alfa Romeo apresenta no 4C, fica a ideia que o interior de um automóvel que ronda os 91 mil e 500 euros peca pela sua simplicidade em demasia.
Percebemos a ideia de que a marca italiana quis dar ao condutor a imagem de que está num carro de corrida. E a verdade é que conseguiu, mas digamos que este não é um amigo para o seu dia-a-dia. Dando um exemplo, se quiser colocar a sua carteira em algum lado, o melhor é levar umas calças largas, porque não vai encontrar local para a colocar.
O rádio Alpine dá ideia de que recuámos mais de 10 anos no mundo automóvel, mas vamos ser sinceros: um rádio faz tanta falta a um Alfa Romeo 4C como um grão de areia faz falta a um deserto.
A direção é, como se diz na gíria, assistida a braços, o que dificulta as manobras de estacionamento. Porém, é o ideal para um automóvel que pesa menos de 1000kg e que contém um motor central com 240cv de potência. As curvas não se fariam da mesma forma com outro tipo de direção.
De resto, os bancos revestidos a pele e alcântara dão o conforto necessário ao condutor e ao passageiro, o painel de instrumentos é digital e os botões apresentados são os indispensáveis a quem quer aquilo que o 4C mais oferece: adrenalina.
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Na estrada
Mal colocamos o pé no travão e ligamos a ignição, pensamos… Nossa senhora! O ruído do motor é música para os ouvidos de qualquer ‘petrolhead’ - se estiver no modo desportivo então ainda melhor. Se o visual do 4C Spider já torna o automóvel pouco discreto, o barulho rouco do motor de quatro cilindros de 1750cc faz com que aumentem ainda mais os olhares indiscretos.
Mas vamos ao que interessa. Começando pelos botões de condução, temos a opção ‘1’, ‘N’ e ‘R’. Fácil, simples e prático. Depois é escolher o modo: Neutral, Dynamic (desportivo) ou All Weather, a pensar nos dias em que o piso está mais escorregadio.
A suspensão McPherson assenta que nem uma luva neste pequeno ‘demónio’, que não é fácil de domar. A adrenalina que o 4C Spider transmite é uma autêntica loucura e é caso para dizer que a Alfa Romeo investiu tudo, mas tudo, num automóvel que até é capaz de nos fazer suar num dia frio de inverno, não tivesse ele uma velocidade máxima de 258 km/h.
Lauch control e… é ver o 4C Spider a atingir os 100 km/h nuns fantásticos 4,5 segundos. É um automóvel com alma própria, que exige dedicação, compromisso e uma mestria atrás do volante. Há superdesportivos e superdesportivos, e este não é, de todo, um dos mais dóceis de conduzir. No entanto, o peso (menos de 1000 kg), o seu baixo centro de gravidade e as rodas colocadas no extremo da carroçaria fazem com que seja apetecível arriscar o máximo a cada curva.
Porém, como já referimos, este é um carro que para o dia-a-dia não é amigável. Qualquer irregularidade ou buraco na estrada é sentido dentro do habitáculo. Quanto à caixa automática comporta-se de forma fantástica, tendo também a opção de mudar as relações de forma sequencial com a ajuda das patilhas atrás do volante. Que na nossa opinião poderiam ser um pouco mais compridas a acompanhar todo o volante, à semelhança do que acontece com o Giulia. No fundo, um pequeno reparo, que em nada abala o prazer imenso de conduzir este 4C.
Relativamente aos consumos, vamos ser honestos: quem adquire um Alfa Romeo 4C Spider com um motor 1750 Turbo não pode estar muito preocupado em poupar gasolina. Chegámos a fazer uma média de 10,1 litros aos 100, mas logicamente quisemos ver o que valia este puro italiano. A andar de uma forma regular, sem esforço, o 4C é capaz de fazer médias a rondar os 8 litros, apesar da marca italiana dizer-nos que este modelo consegue um consumo combinado de 6,8 litros/100km.
Veredicto final
Este é um carro para quem sabe exatamente o que quer. Para quem sabe o que pode esperar do Alfa Romeo 4C. E em boa verdade, o que é que se pode esperar? Um superdesportivo com alma, capaz de nos injetar boas doses de adrenalina, um automóvel pensado quase exclusivamente para o prazer puro e duro de um condução desportiva.
Não, não é um carro para levar para o trabalho. Não, não é um carro para grandes viagens (até porque a mala é minúscula). É um automóvel para nos transmitir emoções na estrada, não fosse esse exatamente aquilo que a Alfa Romeo prometeu desde 1910: “La Meccanica delle Emozioni”.
Preço da versão ensaiada: 91.643,98€
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