Da "queda do Presidente Fulgêncio Batista, em Cuba", em 01 de janeiro de 1959, à "'Travessia do Reno' pelas tribos germânicas", no dia 31 de dezembro de 406, são vários os acontecimentos de distintas épocas e transversais geograficamente, lembrados pela obra.
O autor, investigador do Centro de Humanidades, da Universidade Nova de Lisboa, esclarece na introdução, a sua aversão às efemérides.
"Evocar datas sempre me pareceu um exercício mais ou menos inútil e desinteressante", que associa a cerimónias oficiais "com charanga e parada e, sobretudo, a discursos políticos", de quem "recorre à História para justificar atos e opções".
Escolhe-se um determinado acontecimento, que "primeiro arrancamos do limbo e das poeiras do passado e, depois expurgamos de dúvidas e sombras e exibimos já polido, higienizado e dotado de sentido e significado", escreve o historiador. "A maior aperte das vezes porque queremos provar alguma coisa", acrescenta, denunciando "o número redondo" --- o centenário, o quarto do século, o meio milénio --, "como abonação pública das nossas convicções e interesses"
Quanto à obra, explica: "Escolher um [facto], avaliar o seu potencial e explorá-lo da melhor forma" foi o desafio que aceitou, a que acrescentou o facto de ter de "diversificar", não apenas a História nacional, como a universal, e "respeitar diversidades de tempo, espaço, tema e âmbito".
"Este livro pode, portanto, resumir-se a um exercício de lapidação multiplicado por 365", escreve Sousa Pinto, doutorado em Ciências Históricas, pela Universidade Nova, cuja área de investigação é a expansão portuguesa na Ásia e os impérios ultramarinos ibéricos.
Afirma o autor que "boa parte" da informação contida no livro, publicado pela Manuscrito, "é corrente e pode ser encontrada em obras gerais ou na Internet".
Insistindo no "exercício mais ou menos inútil e desinteressante" de evocação de datas, Paulo Jorge de Sousa Pinto sublinha no entanto que "os desafios do presente obrigam a uma cada vez mais frequente revisitação da História".