A 73ª edição do Festival de Cannes deveria abrir as suas portas esta semana na cidade costeira francesa, mas as medidas impostas pelo Governo francês para conter a propagação do novo coronavírus forçaram a adiar a edição e a contemplar novas opções, perante a impossibilidade de realização este ano.
Numa entrevista ao semanário L'Obs, Frémaux explicou que a direção do festival irá publicar uma lista dos filmes que seriam levados a concurso, se este ocorresse, incluindo filmes que serão lançados na primavera de 2021.
"Provavelmente, a seleção não será feita no formato usual que todos conhecemos na competição. Seria ridículo agirmos como se nada tivesse acontecido, mas queremos promover os filmes que vimos e adoramos", explicou o diretor do Festival de Cinema de Cannes.
Depois de publicar a lista dos filmes a concurso, em junho, a sua intenção é organizar "eventos nos cinemas", mas não haverá edição digital da amostra, nem ele pretende deixar os filmes deste ano para a edição de 2021.
"Vamos concentrar-nos em filmes que devem ser lançados nos cinemas e precisam do nosso apoio", explicou Frémaux.
A equipa do festival assistiu a um total de 1.500 filmes, praticamente o mesmo dos anos anteriores, embora desta vez o debate em torno destes tenha sido virtual.
Frémaux também apontou que será "impossível" reunir um júri este ano ou dar prémios, tendo sido proposto ao realizador americano Spike Lee, que presidiria ao júri nesta edição, assumir o papel no próximo ano.
"Spike Lee disse-nos que ficaria, não importa o que acontecesse", disse Frémaux.
Quanto à possibilidade de colaborar no outono em outros festivais, como Veneza, Toronto, San Sebastián ou Zurique, Frémaux explicou que muitos concursos o convidaram.
"Vamos a Toronto, Deauville, Angouleme, San Sebastian, Nova York, Coreia e ao festival Lumière, em Lyon, que acolherá inúmeros filmes", disse Frémaux.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 276 mil mortos e infetou mais de 3,9 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de 1,3 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, vários países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.