Braço de Prata organiza arraial de protesto até que os "venham prender"
O espaço cultural lisboeta festeja amanhã o seu 13.º anversário.
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Cultura Covid-19
A Fábrica Braço de Prata, em Lisboa, vai realizar, este sábado, em época de Santos Populares, um arraial, apesar de terem sido proibidos na capital devido à pandemia da Covid-19.
Para festejar o seu 13.º aniversário, o espaço cultural anunciou hoje, em comunicado, que vai organizar "um gigantesco festival de celebração" num "protesto colectivo contra o abuso de critérios sanitários para proibir pequenos espectáculos de música ao vivo" no país.
Sob o lema 'Libertem os Músicos', a Fábrica Braço de Prata garante também que a festa vai durar "até que as forças policiais anti-arraial" os "venham prender".
"Respeitaremos todas as medidas de protecção do público e dos músicos. Serviremos sardinhas e sangria na tenda da esplanada Espinosa, controlando a lotação e a distância entre mesas, fornecendo desinfectante e apelando ao uso de máscaras. Mostraremos que é possível libertar os músicos da sua prisão securitária sem comprometer o combate à pandemia", pode ler-se na referida nota divulgada nas redes sociais.
A festa de aniversário começa às 18 horas com sardinhas "na grelha" e mais de mil músicos vão dar concertos "numa palco recheado de manjericos" a partir das 19h00.
O dinheiro dos bilhetes será revertido "a 100% para os músicos". "Vamos ter que esperar muitos meses até recuperar essa vitalidade radicalmente informal. Mas não podemos esperar mais pela libertação dos nossos músicos", é sublinhado.
"Até hoje só ouvimos histórias de fome"
Ainda no comunicado, a Fábrica Braço de Prata recorda que "um número monstruoso" de artistas ficaram "aprisionados nas suas casas" desde o início da pandemia e que vivem, atualmente, "abaixo do limiar da sobrevivência": "Apesar dos milhões de euros anunciados pelo Ministério da Cultura para os profissionais das artes, até hoje só ouvimos histórias de fome".
Perante esta conjuntura, o espaço cultural considera estar "particularmente implicado no destino" destes artistas "que vivem da venda dos seus concertos" e destaca ainda não compreender o porquê de se realizarem "homenagens à música Pimba no Campo Pequeno, com a presença do primeiro-ministro", mas que depois "continuem a ser proibidos os espectáculos de música ao vivo fora dos auditórios".
"Não percebem que um simples grelhador com sardinhas - num espaço ao ar livre com um pequeno palco - vale muito mais do que 100 salas do Campo Pequeno quando se trata de celebrar colectivamente a experiência da música. Cresce a suspeita de que o Governo só aceita que músicos venham apresentar o seu trabalho quando agenciados pelos grandes empresários, por esses Covões e Malteses da vida, que controlam as grandes salas e todos os festivais de verão", atira a administração do espaço cultural da capital.
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