Meteorologia

  • 17 NOVEMBER 2024
Tempo
21º
MIN 14º MÁX 22º

Cecilia Mangini vai ter retrospetiva na Cinemateca e no DocLisboa

A obra da realizadora italiana Cecilia Mangini, "um dos nomes maiores do documentário", vai ser alvo de uma retrospetiva integral, em outubro, pelo festival DocLisboa e a Cinemateca Portuguesa, anunciaram hoje as duas entidades.

Cecilia Mangini vai ter retrospetiva na Cinemateca e no DocLisboa
Notícias ao Minuto

15:25 - 14/07/21 por Lusa

Cultura Cecilia Mangini

"Em outubro o Doclisboa presta homenagem ao cinema de Cecilia Mangini, um dos nomes maiores do documentário em Itália, e dedica uma retrospetiva à obra integral da cineasta, em colaboração com a Cinemateca Portuguesa", lê-se no comunicado do festival de cinema documental.

A retrospetiva tem por objetivo "dar a ver o trabalho de uma das mulheres pioneiras no documentário italiano (...), um trabalho fundamental e ainda pouco conhecido sobre um período histórico de grandes convulsões em Itália, com um olhar particularmente preocupado com os mais desfavorecidos", escreve por seu lado a Cinemateca Portuguesa.

Cecilia Mangini morreu no passado mês de janeiro, aos 93 anos, depois de uma carreira que a converteu "num referente" do documentário, e que se manteve ativa até ao ano passado, quando estreou o seu derradeiro filme, 'Due scatole dimenticate' ('Duas caixas esquecidas', de 2020), no Festival de Cinema Europeu de Sevilha, que homenageou a realizadora.

Nascida em 1927, em Mola di Bari, no Sul da Itália, "filha de pai socialista, de origem humilde, e de mãe nobre, Mangini cedo se afastou do fascismo da educação oficial" da época, "optando pelos ideais de esquerda, assumindo-se mais tarde como anarquista", lê-se na apresentação da Cinemateca.

"Esses ideais marcaram o seu olhar, inicialmente no seu trabalho de fotografia de rua e posteriormente no cinema, onde assinou um conjunto de documentários que definia como libertários, com foco nas diferenças sociais existentes num sistema conservador profundamente religioso", prossegue o texto divulgado pela instituição.

Mangini iniciou-ne na fotografia, em 1952, e estreou-se no cinema em 1958, com 'Ignoti alla Città' ('Ignorado pela cidade'), em colaboração com Pier Paolo Pasolini, autor do texto documentário de 12 minutos sobre os jovens da periferia de Roma e o seu mundo marginal, na altura proibido pela censura.

Com Pasolini, a realizadora trabalhou ainda nos filmes 'Stendalì' (1960), centrado em mulheres do sul de Itália, que lamentam os mortos, uma obra que conta com música de Egisto Macchi, e 'La Canta delle Marane' (1961), filmado na periferia de Roma, que viria a marcar as narrativas de Pasolini.

Estas três primeiras curtas-metragens da cineasta compõem o alinhamento da sessão de antecipação do ciclo, a realizar no próximo dia 06 de agosto, na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa.

A retrospetiva, organizada com o apoio do Instituto Italiano de Cultura de Lisboa, incluirá todos os filmes dirigidos por Cecilia Mangini e também um conjunto de títulos assinados por seu marido, o cineasta Lino Del Fra (1927-1997), nos quais a realizadora "deixou a sua marca como argumentista ou colaboradora influente".

Cecilia Mangini construiu uma filmografia que abarca sete décadas. "Desde o início da sua carreira assumiu uma visão comprometida, atenta e íntima com o indivíduo e com a sociedade", escreve por seu lado o DocLisboa.

"Os seus filmes preservam uma atualidade importante pois exploram temas urgentes, como a condição da mulher, comunidades periféricas e marginalizadas, as raízes do fascismo, a imigração ou a injustiça social. A obra de Mangini é permeada pela poesia e pela beleza mas é, acima de tudo, a história de uma vida dedicada a pensar o cinema como uma ferramenta de resistência", sublinha o anúncio do festival.

A apresentação da obra de Mangini junta-se à retrospetiva completa dedicada à fotógrafa e realizadora Ulrike Ottinger, "figura ímpar do Novo Cinema Alemão", já anunciada pelo DocLisboa, que também irá passar pela Cinemateca.

Na antecipação de 6 de agosto, o Doclisboa e a Cinemateca exibirão igualmente a obra de estreia de Ulrike Ottinger, 'Laokoon & Söhne', codirigida com Tabea Blumenschein.

A 19.ª edição do Doclisboa decorre de 21 a 31 de outubro, e projeta o regresso às salas de cinema da capital.

Leia Também: Governo ainda sem conclusões da auditoria sobre terrenos da RTP em Gaia

Recomendados para si

;
Campo obrigatório