"Quase toda a gente tem um par [de chinelos] em casa. Quando as pessoas acabam de usar estes objetos, o que é que fazem com eles? Deitam-nos fora", disse Eugene.
O também ambientalista defendeu que os chinelos de dedo são um dos principais contribuidores para a poluição por plástico na Nigéria, o país mais populoso de África, com 215 milhões de pessoas.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, apenas uma pequena fração dos resíduos é reciclada na Nigéria, que despeja anualmente 200.000 toneladas de plástico no oceano Atlântico.
Com recurso a uma pá, o artista empilha os enormes montes de chinelos que recolhe num canto do 'atelier', antes de os limpar e cortar em pedaços.
"Alguns destes artigos acabam enterrados no solo, outros acabam no oceano. Os que são enterrados no solo afetam as plantas, os que acabam no oceano afetam a vida marinha porque alguns são confundidos com comida", salientou.
Uma vez cortados os chinelos, o artista utiliza as peças para criar retratos da comunidade local na sua cidade, Abeokuta, no sudoeste do estado de Osun.
Ao longo deste processo, emergem gradualmente rostos coloridos nas paredes do seu estúdio.
"A primeira coisa que faço é obter os meus materiais. Depois exponho-os ao sol e à chuva", contou. A seguir ordena-os "de acordo com a sua cor, de acordo com a sua tonalidade".
A Nigéria, onde a reciclagem é rara, é inundada pela poluição plástica. Junto à beira das estradas e praias, montes de lixo acumulam-se em terrenos baldios.
Alguns empresários já começaram a enfrentar o problema, apesar das dificuldades que encontram na maior economia de África.
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