Os 708 livros foram entregues pelo presidente do Rotary Club da Praia, José Rebelo, ao diretor-geral dos Serviços Prisionais e de Reinserção Social de Cabo Verde, João Delgado, que depois vai fazer a sua distribuição aos cinco estabelecimentos prisionais do país e ao Centro Sócio Educativo Orlando Pantera, que recebe crianças e jovens em conflito com a lei.
Os livros foram mobilizados pelo Rotary Club de Ponte da Barca, distrito 1970 de Lisboa, e segundo o presidente da congénere cabo-verdiana, José Rebelo, tem um "sentido profundo" na responsabilidade das entidades e dos cidadãos na materialização das políticas necessárias para o bem-estar do Estado e da comunidade.
"Para esta tarefa não estamos sozinhos", frisou o cabo-verdiano, garantindo que os membros e as duas instituições filantrópicas estão disponíveis para angariar mais livros e assim continuar a contribuir para o programa de reinserção social dos reclusos cabo-verdianos.
"Hoje eu tenho consciência que, se não houver uma participação da sociedade civil, uma participação de todos para transformar a comunidade em diversos nichos particulares para o seu desenvolvimento, nós estaremos com problemas, se nós não alcançarmos a meta de redução do índice de reincidência e também a melhoria da reinserção social dos reclusos que temos", considerou o representante da comunidade de líderes e profissionais, que a nível internacional surgiu em 1905.
Para a ministra da Justiça de Cabo Verde, Joana Rosa, a doação dos livros é um "gesto muito importante" para a reinserção social no país, um trabalho que, disse, o Estado tem "obrigação" de fazer, mas apelou à participação também das instituições privadas.
"Vimo-nos várias vezes confrontados com problemas, défice, insuficiência e pouca riqueza nas nossas bibliotecas, mesmo nos estabelecimentos prisionais e no Centro Orlando Pantera, e este acervo acaba por enriquecer as nossas bibliotecas, mas essencialmente enriquecer o ser humano, cada recluso e cada educando", referiu a governante.
De acordo com Joana Rosa, a visão do Governo é a humanização das cadeiras, o que considerou passa pela criação de melhores condições, quer no espaço físico, mas também na alimentação, nos cuidados de saúde e no trabalho.
"Quando se trabalha, quando se tem algo para fazer, o ser humano fica com o tempo ocupado e com menos tempo para propensão à criminalidade", salientou a ministra, entendendo que a reinserção social ajuda a reduzir as reincidências criminais.
De acordo com o último levantamento conhecido, no final de 2018 Cabo Verde contava com 1.567 reclusos, distribuídos por cinco estabelecimentos prisionais regionais e dois centrais.
Daquele total, a Cadeia Central da Praia recebia mais de 1.100 presos, concentrando dois terços da população prisional do país, que tem outras duas cadeias centrais em São Vicente e Sal e cadeias regionais e Santo Antão e Fogo.
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