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Carlos Avilez. Mundo do Teatro recorda "Mestre" que formou vários atores

Atores, muitos dos quais ex-alunos de Carlos Avilez, encenadores e companhias de Teatro, recordaram o "Mestre", encenador e ator, que morreu hoje aos 88 anos.

Carlos Avilez. Mundo do Teatro recorda "Mestre" que formou vários atores
Notícias ao Minuto

16:38 - 22/11/23 por Lusa

Cultura Óbito/Carlos Avilez

A atriz portuguesa Jani Zhao, que na adolescência estudou na Escola Profissional de Teatro de Cascais (EPTC), criada por Carlos Avilez em 1992, disse à agência Lusa que o encenador era "um mestre e será para sempre uma referência incontornável no teatro português".

"Foi com ele que aprendi as primeiras coisas sobre teatro. [...] A escola que ele criou deu lugar a muitos atores e atrizes dos dias de hoje, tem formado muitos profissionais de uma forma sólida, profunda, séria e com uma dedicação e empenho que é muito especial", afirmou a atriz.

O ator João Jesus, também antigo aluno da EPTC, recorreu às redes sociais para agradecer ao "Mestre" a paixão, a verdade, o profissionalismo e "toda a garra" que sempre passou aos seus alunos.

"Nós achávamos que era imortal e sem dúvida que o é, porque ficará para sempre dentro de nós. Cada vez que pisar um palco irei lembrar-me sempre de si. Viva à sua alma. Descanse em paz", escreveu.

O ator e também antigo aluno da EPTC Igor Regala recordou o "ser extraordinário" que respirava teatro "de manhã à noite.

"Nunca conheci ninguém tão obcecado pelo que faz como o Carlos. Deu-me tanto enquanto Mestre... Ensinou-me a olhar, verdadeiramente, para dentro. E a obsessão dele pela profissão ensinou-me que não há outra forma de se ser. E que se trabalhássemos muito, os resultados haviam de aparecer... obrigado por ter feito de mim, também, um obcecado pela profissão. E tenho a certeza que centenas de alunos poderão dizer o mesmo. Eternamente grato por tudo, Mestre", partilhou nas redes sociais.

O cantor e ator Fernando Fernandes, FF, fala no seu antigo professor como alguém que "surge na linha da frente dos corajosos que trocam a vida pelo palco".

"E viverá sempre em todos os seus alunos, em todos os que viram as suas peças. Não imagino exemplo maior de ternura e sabedoria num Mestre. Obrigado", escreveu nas redes sociais.

Outros atores e antigos alunos da EPTC, como Sara Matos, Tomás Alves ou Rafael Morais optaram por partilhar fotografias de Carlos Avilez, recordando assim o "Mestre".

A EPTC, numa publicação partilhada nas redes sociais, partilha que a morte do diretor e fundador da escola foi recebida na instituição "com profundo pesar".

"A sua partida deixa um vazio irreparável não apenas na comunidade teatral, mas também no coração de todos aqueles que tiveram a honra de o conhecer e aprender com a sua paixão pelo teatro. Carlos Avilez foi um visionário, dedicando a sua vida ao enriquecimento cultural e educacional através do teatro. A sua contribuição para a formação de inúmeros talentos e para o desenvolvimento das artes cénicas na nossa comunidade será eternamente lembrada", lê-se na publicação.

Não foram apenas os que estudaram com o ator e encenador que o lembraram publicamente no dia da sua morte.

A encenadora e atriz Natália Luísa confessou não haver no Teatro ninguém por quem tenha "uma sensação tão profunda de reconhecimento, emocionalmente". "Por ter sido a única pessoa por quem me senti verdadeiramente amada como atriz, por o ouvir dizer sempre com entusiasmo como quem principia o Teatro em cada projeto que sonhava, por ter tantos futuros e ter criado uma Escola de Teatro que nos tem permitido ver e admirar atuais e, estou convicta, tantos futuros atores. OBRIGADA CARLOS, por tanto bem querer e resistência, por ter amado tanto o teatro e os atores", lê-se numa publicação partilhada nas redes sociais.

O ator Elmano Sancho escreveu sobre a "triste e dolorosa notícia" da morte de Carlos Avilez, "um autêntico cavalheiro, gentil, sempre atencioso, delicado, atento, preocupado com os atores", com quem trabalhou pela primeira vez em 2019, no Teatro Experimental de Cascais, na peça "Lulu".

A atriz São José Lapa defendeu, nas redes sociais, que em Cascais "faz-se teatro com fé e saber", e a atriz Luísa Ortigoso considerou que o teatro português deve a Carlos Avilez "uma grande parte da sua história".

O ator Diogo Infante escreveu sobre o ator e encenador que "inspirou e moldou gerações de atores com a sua exigência, a sua paixão e sua capacidade de os fazer sentir especiais".

"O seu legado continuará seguramente através de todos aqueles que o conheceram e que puderam testemunhar a sua dedicação ao teatro. Pela minha parte ficarei eternamente grato pelas oportunidades que me deu e pelo carinho com que sempre me tratou", escreveu nas redes sociais.

O produtor e empresário Hélder Freire Costa, do Teatro Maria Vitória, sublinhou que "o Teatro fica de luto e fica mais pobre" com a morte de Carlos Avilez, referindo que "não há palavras para descrever a sua enorme dedicação e o seu zelo durante toda a sua longa vida dedicada àquilo que mais amou - o Teatro".

O Teatro da Comuna, a Seiva Trupe, a Fundação Dom Luís I, na qual era membro do conselho desde o início, a Casa do Artista, a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) da Câmara de Lisboa, e a Sociedade Portuguesa de Autores também lamentaram a morte de Carlos Avillez.

Carlos Vitor Machado, conhecido Carlos Avilez, nasceu em 1935 e estreou-se profissionalmente como ator em 1956, na Companhia Amélia Rey Colaço - Robles Monteiro, onde permaneceu até 1963.

Dois anos depois, em 1965, fundou o Teatro Experimental de Cascais.

Com uma vida dedicada ao teatro, estreou no sábado a sua última encenação: "Electra".

A partir da trilogia "Electra e os fantasmas", de Eugene O'Neill - a 177.ª produção do Teatro Experimental de Cascais -- estreou-se no auditório Academia Artes do Estoril, no Monte Estoril, Cascais, onde ficará em cena até 17 de dezembro.

Leia Também: Ruy de Carvalho despede-se de Carlos Avilez. "Dos maiores encenadores"

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