O ciclo dará destaque à música medieval da Península Ibérica, com particular incidência nas "obras do rei de Castela e de Leão Alfonso X, como também do seu neto, o rei D. Dinis, que tão importante é para o nosso país e em especial em Leiria", explicou à agência Lusa Ricardo Alves Pereira, que reparte a direção artística do evento com Esin Yardimli Alves Pereira.
Poeta, o rei D. Dinis (1261-1325) escreveu um grande número de letras para cantigas de amigo, cantigas de amor e cantigas de escárnio e maldizer. Contudo, sublinha o responsável pelo ciclo, "só uma muito pequena coleção existe com notação musical", descoberta em 1990 na Torre do Tombo pelo musicólogo norte-americano Harvey Sharrer.
"São as únicas canções dele [D. Dinis] que temos até agora com notação musical. Nós vamos tocá-las ao vivo e mostrar no 'workshop' os escritos. Vai ser muito interessante", destaca, de entre a programação, Ricardo Alves Pereira, que é também investigador e músico.
O grupo The Wandering Bard, composto pelo próprio Ricardo Alves Pereira (alaúde) e por Esin Yardimli Alves Pereira ('vielle') interpretará os seis momentos do programa. Com eles no Castelo de Leiria estarão o percussionista António Casal como músico residente, além de outros convidados, casos do multi-instrumentista e violeiro Orlando Trindade e dos cantores líricos Irene Brigitte e Jorge Luís Castro.
Pensado para dar a conhecer "o passado da região e, de forma mais ampla, da Ibéria" através de 'workshops' e concertos, o ciclo debruça-se sobre a componente "bela e poética - e até mesmo espiritual - desta época [medieval] e a sua relação com a própria música".
Para Ricardo Alves Pereira, a ligação de D. Dinis a Leiria reforça o sentido e simbolismo de apresentar os temas e músicas medievais no Castelo, "símbolo muito importante para a cidade e para o país" e onde, à época, "muito possivelmente se terão ouvido as obras que iremos interpretar ao longo do ciclo".
O evento dedicado à cultura medieval surge por iniciativa da produtora CordaSonora, do município de Leiria e do Castelo de Leiria e pretende ser "uma janela para a cultura medieval ibérica".
O programa foi pensado para coincidir com "datas importantes do calendário solar cristão e pagão", destaca o diretor artístico. O arranque é a 06 de janeiro, Dia de Reis, com o 'workshop' "Cantigas de Santa Maria: uma introdução" e o concerto "O rei e a virgem".
Para o dia 23 de março anuncia-se a oficina "Diálogo intercultural: a herança" e o espetáculo "Entre o mar e terra".
"Instrumentos medievais ibéricos" e "Festival de alegrias" são as propostas para 01 de maio, enquanto no dia 22 de junho fala-se de "Rei Trovador e o Rei da Luz" e ouve-se "Poeta, poesia e musa divina".
Na reta final do ciclo, a oficina de 01 de novembro é dedicada a "Janela para a vida medieval: Cantigas de Santa Maria" e o concerto intitula-se "Colheita de melodias".
A fechar, a 21 de dezembro, partilham-se "Práticas sazonais das Cantigas de Santa Maria" e juntam-se todos os artistas residentes e convidados para o concerto "Um Natal medieval".
Leia Também: Castelo de Leiria supera os 115 mil visitantes em 2023