Mais de três décadas depois de começar a organizar as primeiras iniciativas, a diversidade continua a ser a grande preocupação e o objetivo da fundadora Luísa Costa Hölzl, que até se arrepende de não ter utilizado o plural de "Lusofonia" quando batizou a associação.
"Estou arrependida de não nos chamarmos 'lusofonias' no plural. A palavra lusofonia tem um eco imperial, continua a ter uma marca colonial, como se tivesse substituído a ideia de império. Não queremos isso de todo, recusamos totalmente", apontou, em declarações à Lusa.
"O nosso objetivo sempre foi uma diversidade a vários níveis. Diversidade do lado dos países de origem dos artistas que trazemos. E os formatos, as próprias áreas artísticas, desde concertos, performance, conversas, debates, leituras, exposições de arte, ou eventos em que misturamos vários formatos", acrescentou.
A associação começou a dar os primeiros passos em 1993 com o escritor Mia Couto. Foi o primeiro evento que contou com uma leitura e música moçambicana. Seguiram-se várias iniciativas que foram dando mais força a este trabalho.
"Em 1998, Portugal foi o país convidado da Feira do Livro de Frankfurt. Foi uma ocasião fantástica para montar uma programação bastante pormenorizada porque tivemos vários escritores que foram a Frankfurt e depois vieram até Munique. Tivemos um serão de lírica, poesia, com a edição de uma revista literária", indicou Luísa Costa Hölzl.
O estatuto de associação cultural só foi concretizado em 2009, mas, mesmo assim, o grupo, de portugueses, alemães e brasileiros, continuou a ser pequeno.
"Somos meia dúzia de sócios", detalhou a fundadora, nascida em Lisboa, e a viver em Munique, onde é professora de português na Universidade Ludwig-Maximilians desde 2000 e na Münchner Volkshochschule desde 1988.
"A nossa ideia foi sempre cooperarmos com outras instituições. Não fazemos nada sozinhos", destacou, sublinhando ser também esse um dos aspetos principais da associação que coopera, muitas vezes, promovendo eventos através da newsletter.
Uma das últimas iniciativas organizada pela "Lusofonia" foi um concerto da cantora cabo-verdiana Lura. Para os dias 02 e 03 de maio estão programados vários eventos que comemoram os 50 anos do 25 de Abril, como uma exposição fotográfica, um debate político e momentos musicais.
"Procuramos sempre datas que sejam significativas, efemérides. Por exemplo, vamos seguramente ler poesia de Alexandre O'Neill, porque se celebram cem anos do seu nascimento em 2024", exemplificou, lamentando que nem sempre seja fácil chegar a toda a comunidade lusófona.
"Não queremos ser chatos", ri Luísa Costa Hölzl, enquanto explica a escolha de formatos diferentes para que o público, maioritariamente alemão, goste.
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