Doze "bucólicas pinturas" de João Hogan revelam-se no Panteão Nacional

Doze obras e um documentário compõem a exposição 'Algo que jamais tem fim', dedicada ao pintor João Hogan, no Panteão Nacional, em Lisboa, local que "adensa a sensação de silêncio e de serenidade das bucólicas pinturas do artista".

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© Nuno Pinto Fernandes/Globalimagens

Lusa
09/09/2024 14:32 ‧ 09/09/2024 por Lusa

Cultura

Panteão Nacional

A exposição, com curadoria de Hugo Dinis, faz parte da nova temporada da fundação Culturgest e, neste caso, é uma iniciativa fora de portas com obras da coleção de arte da Caixa Geral de Depósitos.

 

De João Hogan, que morreu em 1988, a exposição revela 12 obras, produzidas entre 1957 e 1975, em papel e tela, em xilogravura, água-tinta ou óleo, e inclui ainda o documentário 'Hogan -- O Pintor' (1993), realizado por Teresa Martha e produzido pela Fundação Calouste Gulbenkian, que lhe dedicou uma exposição antológica em 1992.

Na folha de sala, o curador Hugo Dinis relembra que a exposição pretende assinalar os 110 anos do nascimento de João Hogan - a 04 de fevereiro de 1914 - e celebrar a sua obra "no presente da arte contemporânea".

"O Panteão adensa a sensação de silêncio e de serenidade das bucólicas pinturas do artista, que encaminham o público para uma experiência emocional e sensível, contrastando com as sinuosas ruas da cidade que se encontram representadas nas gravuras", refere o curador.

João Hogan nasceu em Lisboa, num contexto familiar de artistas de ascendência irlandesa. Trabalhou em marcenaria, passou brevemente pela Escola de Belas-Artes de Lisboa e foi um dos sócios fundadores da Gravura -- Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses.

"O trabalho que realizou nestas duas vertentes da sua obra --- pintura e gravura --- viria a apresentar uma dicotomia de estilos profundamente diferente, que extravasou o meio artístico português da sua época", sublinhou Hugo Dinis.

São-lhe apontadas influências dos naturalistas portugueses, como Silva Porto e Malhoa, mas também nomes como Van Gogh e Cézanne, pela "geometrização da paisagem, nas superfícies e volumes simplificados".

Segundo o curador, "a compreensão da sua obra passa por esta relação, muito desfasada, entre as duas técnicas que elegeu na persecução do seu trabalho. Sempre que as pinturas acentuam o seu caráter de rigor e síntese, as gravuras tornam-se mais leves e narrativas".

João Hogan morreu a 16 de junho de 1988, cerca de uma década depois de se ter reformado como professor do Ar.Co -- Centro de Arte e Comunicação Visual, em Lisboa.

'Algo que jamais tem fim' fica patente até 01 de dezembro.

Leia Também: Serralves com exposições de Francis Alÿs, Godard e Francisco Tropa

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