O escritor Salman Rushdie, que sobreviveu a um esfaqueamento em 2022, anunciou este domingo que está a escrever uma nova obra, que será o primeiro livro de ficção desde o ataque que lhe custou um olho.
O anúncio foi feito pelo próprio no festival de literatura ucraniano Lviv BookForum, no qual participou através de videoconferência para falar sobre 'Faca: Meditações na Sequência de uma Tentativa de Homicídio' ('Knife: Meditations After an Attempted Murder', no original), um livro de memórias sobre o ataque que ocorreu a 12 de agosto de 2022, quando se preparava para dar uma palestra numa universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Segundo Rushdie, a nova obra de ficção será composta por três partes, cada uma com cerca de 70 páginas, que abordarão os "três mundos" da sua vida: Índia, Inglaterra e América. "Todos eles, de alguma forma, consideram a ideia de um final", explicou à audiência.
Em 2023, Rushdie publicou o romance 'Cidade da Vitória', mas esta obra de ficção tinha ficado concluída cerca de um mês antes do ataque, lembra o The Guardian.
No Lviv BookForum, o escritor também expressou a sua solidariedade para com a Ucrânia e "a terrível situação em que se encontram". "O que os russos estão a tentar fazer é contar uma versão da história e impô-la à história. E é muito importante não permitir que isso aconteça", afirmou.
Salman Rushdie é o autor de 'Os Versículos Satânicos', obra pela qual foi condenado à morte pelo Irão do líder religioso Ayatollah Khomeini, que emitiu uma 'fatwa' (decreto da lei islâmica) contra o escritor.
A viver desde 1989 sob ameaça de morte, depois da emissão da 'fatwa', Salman Rushdie desde há muito que se interrogava sobre quem o iria matar, segundo revelou o próprio escritor no dia 12 de abril, em declarações públicas, detalhando depois que, quando foi apunhalado, o seu primeiro pensamento foi "então és tu!".
Salman Rushdie foi agredido à facada em agosto de 2022, durante uma conferência literária, em Chautauqua, na região de Nova Iorque, por um norte-americano de origem libanesa, suspeito de ser simpatizante da República Islâmica do Irão. Ferido gravemente, o escritor veio depois a perder um olho e a sofrer danos nos nervos da mão.
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