Câmara de Torres Vedras compra acervo do fotógrafo Eduardo Gageiro

A Câmara de Torres Vedras, no distrito de Lisboa, decidiu hoje adquirir por 250 mil euros o acervo do fotógrafo Eduardo Gageiro para no futuro vir a criar uma casa-museu a ele dedicado.

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Lusa
28/01/2025 14:33 ‧ há 2 dias por Lusa

Cultura

Eduardo Gageiro

"Além de se tratar de uma coleção de características únicas, o município tem um histórico de colaborações com Eduardo Gageiro, contando já com quatro exposições e três livros do autor que tiveram um impacto muito positivo na valorização do território e dos seus habitantes", justifica a autarquia na proposta de aquisição.

 

A coleção espelha a faceta de fotojornalista e fotógrafo, mas também a de colecionador de objetos relacionados com a fotografia, sua história e evolução técnica.

O acervo é composto por uma coleção de fotografia e iconografia dos séculos XIX e XX, com 3.787 documentos, incluindo provas fotográficas em papel, com grande incidência em retratos, de estúdios e fotógrafos de renome nacionais e estrangeiros, assim como negativos e diapositivos em vidro e película.

Contempla também uma biblioteca especializada em fotografia com mais de 200 exemplares, uma coleção de cerca de 700 equipamentos fotográficos e cinematográficos, com diversos acessórios, datados desde finais do século XIX ao século XXI, incluindo alguns equipamentos fotográficos utilizados por Eduardo Gageiro e doações feitas por outros fotógrafos.

Integra ainda cerca de 300 provas fotográficas em molduras e impressões em telas de Eduardo Gageiro, que fizeram parte das suas exposições ao longo dos anos, mais de 300 prémios e condecorações e o seu arquivo pessoal, com correspondência trocada com instituições e personalidades ilustres no âmbito da sua atividade profissional.

Eleitos do PSD e do movimento independente 'Unidos por Torres Vedras' questionaram a maioria socialista sobre as ligações do fotógrafo ao concelho e o valor de avaliação do acervo.

Na reunião pública de dezembro do executivo municipal, a vereadora da Cultura, Ana Umbelino, justificou "a ligação de Gageiro nos últimos 20 anos a Torres Vedras, atravessando os últimos quatro presidentes de câmara", com exposições e livros editados.

A avaliação foi calculada a partir do cruzamento de várias fontes, desde catálogos a vendedores especializados e a plataformas de venda e teve em conta o estado de conservação geral das máquinas, a sua raridade, a proveniência e os acessórios que eventualmente pudessem estar incluídos, explicou.

O valor dos livros e fotografias foi estimado consoante o valor médio de mercado e a raridade de cada objeto.

A oposição colocou também em causa a gestão do dinheiro público pela autarquia, depois de ter gastado 108 mil euros em dois contratos de depósito da coleção e ir agora adquiri-la.

A autarca confirmou que foram investidos 103 mil euros na guarda e conservação do acervo.

O contrato, com duração de três anos e no valor de 54 mil euros, decorreu entre abril de 2020 e dezembro de 2022, com o tratamento, estudo, digitalização e inventário da coleção por uma técnica contratada para o efeito, tendo sido renovado em fevereiro de 2023.

O segundo "não será pago na totalidade", uma vez que a autarquia entretanto deu início ao processo de aquisição do acervo, explicou.

O valor investido vai ser abatido ao da aquisição do acervo. Ana Umbelino recordou que o acervo está avaliado em 482 mil euros e vai ser adquirido por 250 mil euros.

"Não me parece que tenha havido falta de cuidado na garantia do interesse municipal", afirmou.

O município pretende vir a abrir no futuro a Casa-Museu Eduardo Gageiro, defendendo que a exposição futura da coleção do fotógrafo "pode contribuir para atrair e fixar não apenas mais artistas e criadores, mas uma população qualificada que valoriza o conhecimento, as artes e a cultura".

Eduardo Gageiro foi um dos fotógrafos que registou a revolução do 25 de Abril de 1974.

Foi fotojornalista em vários órgãos de imprensa nacional, correspondente da Associeted Press e fotógrafo da Assembleia da República e da Presidência da República, pela qual foi condecorado em 2004.

Foi galardoado com vários prémios nacionais e internacionais, entre os quais o World Press Photo em 1974.

É, desde 2014, o único português com uma fotografia em exposição permanente na Casa da História Europeia, em Bruxelas (Bélgica), segundo a biografia publicada na sua página da Internet.

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