"Sempre disse que se entrasse na música era para ser o melhor"

Waze começou há um ano e meio a sua carreira musical e está empenhado em levá-la a bom porto, colher muitos frutos e brilhar entre as luzes.

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© Cassiano Ferraz

Marina Gonçalves
09/09/2017 08:00 ‧ 09/09/2017 por Marina Gonçalves

Cultura

Waze

Natural do Porto, Bernardo Rodrigues, conhecido por Waze, tem 17 anos e lançou a sua primeira música aos 16. Um tema que “fez algum barulho na Internet" e que “chamou a atenção de algumas agências”.  

Começou a trabalhar com uma agência no primeiro EP, ‘Ilusão’, que foi lançado em novembro do ano passado e conta com cinco temas.

Entretanto, as rádios e televisões começaram a "reparar" e acabou por conseguir conquistar um lugar. Aliás, um dos seus temas pode ser ouvido na novela ‘Espelho d’Água’, da SIC.  

Agora, acaba de apresentar um novo EP, tendo sido lançado o primeiro tema deste trabalho esta setxa-feira, dia 8, ‘Tu Falas’.  

Em conversa com o Notícias ao Minuto, Waze partilha algumas curiosidades deste início no mundo da música, onde espera vir a construir uma longa carreira.  

Como e quando é que surgiu o gosto pela música na sua vida? 

No Porto, quando saía com os meus amigos à noite, gostávamos muito de improvisar na rua, fazer rap. Eu era o que tinha mais jeito para fazer improviso. Na altura eles disseram-me que se tinha jeito para improvisar, então se escrevesse talvez saísse alguma coisa engraçada. Pedi aos meus amigos todos para darem um contributo, juntámos algum dinheiro, fui gravar a um estúdio mais ou menos profissional, onde gravei a minha primeira música. Depois as coisas aconteceram muito naturalmente.  

Então a música surgiu por um acaso... 

Sim, até porque eu comecei a jogar futebol, até em bons clubes, e o meu sonho sempre foi ser jogador de futebol. Mas tive uma lesão grave numa das minhas épocas e nesse intervalo de tempo em que estava a recuperar da lesão foi aparecendo a música. Acabei por deixar o futebol e seguir com a música.  

A música 'Primeiro Dia' conta com a colaboração de Pedro Gonçalves, ex-concorrente do programa 'The Voice'. Como é que surgiu a ideia deste dueto? 

Conheci o Pedro pelo programa. Gostei muito da prestação que teve no ‘The Voice’ porque além de ter uma boa voz, era um cantor que transmitia uma energia muito boa e era muito transparente. Já tinha escrito a música e faltava-me uma voz no refrão e quando vi o Pedro no programa gostei logo. Por coincidência, a minha mãe trabalha no mesmo sítio que o pai do Pedro e, na brincadeira, uma vez a minha mãe falou com o pai do Pedro e disse-lhe que eu gostava das músicas dele... e entrámos em contacto. 

Nunca quis estar ligado a programas televisivos porque não queria que ninguém me avaliasse se não eu próprioParticipou alguma vez em algum programa dedicado à música?  

Não. Sempre quis começar do zero e chegar lá cima pelo meu trabalho. Nunca quis estar ligado a programas televisivos porque não queria que ninguém me avaliasse se não eu próprio. Para já, eu escrevo todas as músicas, ou seja, para ir para um programa desses, à partida, teria de ir cantar outras músicas ou fazer covers e acho que parte do meu sucesso se deve às letras que escrevo. Não fazia muito sentido estar a ir para um programa cantar músicas de outras pessoas se posso fazer as minhas. Mas nada contra quem participa nesses programas de televisão.

As letras das músicas são da sua autoria... Como é que é esse processo de criação? 

Não tem horas, nem dias. Escrevo as minhas músicas nas notas do telemóvel e todas retratam o que estou a sentir no momento, ou coisas que já vivi. Todas elas são reais. Os momentos de maior inspiração são de madrugada. Às vezes estou a dormir e acordo às três da manhã... 

Qual o feedback que tem tido do público? 

Tem sido muito bom porque, para já, só tenho um ano e meio de carreira e estou muito grato por já estar em televisão, novelas e rádio. Acho que aconteceu tudo muito rápido. Estava à espera de ter algum feedback na Internet porque sou jovem, mas não estava à espera de ter logo milhões de visualizações em vídeos.  

Neste momento, as redes sociais são a ponte para ter uma relação mais direta com os fãs. Já começa a sentir os efeitos da fama? 

Antes tinha dois mil seguidores, agora tenho 22 mil... Notei alguma diferença. Mas sim, não só para mim e não só na música, acho que hoje em dia as redes sociais são uma ponte para qualquer coisa. Também devo o meu sucesso às redes sociais porque se elas não existissem eu não conseguia avisar os meus fãs que iam sair músicas novas, não conseguia estar em contacto com eles. 

O seu primeiro EP foi lançado em novembro do ano passado e vai agora lançar um novo. Para quando o primeiro álbum? 

A minha editora propôs-me lançar já um álbum, mas não quero lançar já. Prefiro lançar mais um EP. Acho que ainda não estou preparado. Ainda estou a descobrir-me na música e os EP servem um bocadinho para isso, para os artistas se aventurarem. Quase como uma fase de amadurecimento até ao álbum. Não quero olhar para o meu álbum passado um ano e dizer que não tem a minha cara. 

Quais são as suas maiores inspirações no mundo da música? 

Eu não ouço só rap, que é o que faço. Gosto muito de jazz, R&B, de variados estilos músicas. As minhas inspirações são maioritariamente artistas americanos, que fundem o R&B com o hip hop. Cá em Portugal também tenho algumas inspirações, mas tento não me colar muito a artistas portugueses porque eles podem influenciar-me de certa forma e eu quero que as minhas músicas sejam diferentes das dos outros.  

As pessoas pensam que quem sobe rápido, cai rápido, mas sempre quis provar que eu não ia ser um desses casosCom a sua idade, quais são os seus objetivos de carreira? Não teme que o sucesso possa ser algo passageiro? 

Não, nunca tive esse receio. Comecei logo no início a ter muitas visualizações e a tal 'fama'. As pessoas pensam que quem sobe rápido, cai rápido, mas sempre quis provar que eu não ia ser um desses casos. Sei que o projeto que tenho em mente muito dificilmente vai ser desses casos. Estou a planear trazer algo que ainda não foi visto e tenho a sorte de estar a colaborar com artistas, neste momento, dos melhores artistas portugueses da atualidade no panorama do hip hop nacional. A participação no meu próximo single ['Tu Falas'] é o Gson dos Wet Bed Gang. Este EP, se correr como eu quero, vai fazer barulho.  

Sente que para ter a sua carreira terá de abdicar de algo que os outros jovens têm? 

Pelo contrário. Convivo com jovens que não têm a atenção social que eu tenho e a minha vida é diferente da deles, obviamente, mas não acho que aproveite menos a adolescência. Até me sinto privilegiado por poder ir atuar às discotecas onde eles [os meus amigos] vão.  

Este ano tivemos o surgimento de um grande talento musical, Slow J. Gostava de chegar ao nível dele? 

Sim. Acho que é tudo uma questão de tempo.  

E acha que isso é possível acontecer estando em Portugal? 

Sim. Acho que para o primeiro ano já atingi várias metas que não pensava que ia conseguir atingir. Sei que vou conseguir porque nunca dependi dos outros para conseguir o que consegui. O que acontece muitas vezes é que os artistas começam a subir mas caem porque se deixam levar pela fama e desconcentram-se. Se não se perder o foco e continuar na linha, é muito difícil cair.  

Não tem medo de se perder na fama? 

Não.  

Daqui a 20 anos, quando olhar para trás, como quer ser lembrado? 

Tenho muita ambição e sempre disse que se entrasse na música era para ser o melhor. Sei que neste momento ainda não sou o melhor, mas estou a trabalhar para isso. Quero ser lembrado como o melhor naquilo que faço.  

Portugal tem vários bons músicos, mas continua a passar-se muito a ideia de que é difícil viver da música. Se este seu sonho, por alguma razão, falhar, qual é o plano B? 

Costumo dizer que se perder muito tempo a elaborar um plano B vou perder o foco do meu plano A. Mas, claro, ainda estou na escola e quero tirar um curso para se alguma coisa não correr como eu quero, ter uma segunda porta para salvaguardar o futuro. Vou agora começar o 12.º ano e depois vou escolher [o curso]. Estou a pensar em Artes Performativas. Quero que o curso que tirar seja uma ferramenta para o plano A porque eu só me vejo a fazer isto. 

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