O Benfica venceu, na noite de sábado, na deslocação ao sempre difícil D. Afonso Henriques. Diante do Vitória SC, a equipa de Bruno Lage alcançou uma vitória tangencial (1-0), em jogo da 15.ª jornada da I Liga, e coloca pressão no FC Porto que, este domingo, joga o Clássico em Alvalade.
O resultado acaba por ser injusto, uma vez que os vitorianos estiveram quase sempre a um nível superior às águias, mas no futebol o que contam são os golos e foi Cervi quem, aos 23 minutos, desfez o nulo e assinou o único tento do encontro disputado em Guimarães.
O espetáculo dentro de campo foi de alto nível e só o comportamento dos adeptos presentes nas bancadas que por quatro ocasiões obrigaram o árbitro Nuno Almeida a interromper o jogo.
No entanto, o mais importante continua a ser o futebol jogado e nesse aspeto há destaques que devem ser feitos.
A figura
Sim, foi Cervi quem marcou o único golo no encontro e isso por si só merece muito protagonismo. No entanto, o tento do argentino de nada valeria se na baliza do Benfica não estivesse Odysseas. O guardião grego está a crescer a olhos vistos esta temporada, face àquilo que mostrou na época transata, e foi um verdadeiro pesadelo para os jogadores do Vitória SC.
Negou o golo a Lucas Evangelista por duas vezes, uma na primeira parte e outra na segunda, sendo que nesta última acabou por ser ele próprio quem motivou o remate do médio brasileiro do Vitória SC. Depois de uma adaptação turbulenta, Odysseas é por esta altura um guardião completo, confiante e que dá pontos.
Nota muito positiva também para Adel Taarabt. O médio marroquino é um autêntico poço de energia e ontem foi uma das melhores unidades do Benfica. Não parou de correr e foi sempre um dos jogadores mais esclarecidos a ler e a interpretar todos os momentos do jogo.
A surpresa
O Vitória SC protagonizou uma bela exibição coletiva, mas Pêpê Rodrigues conseguiu destacar-se ainda mais. O médio de 22 anos, que curiosamente passou parte da formação no Benfica, foi uma das melhores unidades ao longo de todo o jogo e durante todos os momentos.
Bem a defender e melhor a atacar. Funcionou como um autêntico box-to-box na equipa vitoriana e fez funcionar toda a estratégia montada por Ivo Vieira.
A desilusão
A exibição do Benfica esteve um nível abaixo do que se tinha vistos nos últimos jogos e Tomás Tavares revelou claras dificuldades a defender e a atacar. O jovem lateral encarnado falhou inúmeros passes, foi pouco esclarecido na hora de ir para o um contra um e nunca conseguiu controlar o ímpeto ofensivo de Davidson.
Poderá ter o lugar em risco agora que André Almeida parece ter recuperado dos problemas físicos que o mantiveram afastado dos últimos compromissos das águias.
Ivo Vieira
Este Vitória SC voltou a mostrar que não tem medo de seguir a filosofia de jogo imposta por Ivo Vieira independentemente do adversário que enfrenta. Contra o Arsenal já tinha mostrado isso e ontem à noite, o Vitória SC conseguiu controlar uma equipa muito ofensiva como é o Benfica e apenas pecou na hora de finalizar, também por conta da boa exibição de Odysseas Vlachodimos.
Ivo Vieira voltou também a provar que é um dos melhores treinadores do campeonato e isso não acontece apenas pela qualidade que abunda no plantel dos conquistadores. A ideia de jogo de Ivo Vieira já está enraizada em Guimarães e o Vitória SC merecia, pelo menos, um ponto diante do Benfica.
Bruno Lage
Manteve-se fiel ao onze que tem conquistado os adeptos, mas o jogo em Guimarães poderia ter custado pontos ao Benfica. Parece ter mexido tarde no jogo de ontem, ainda que seja lógica a teoria de não quer passar a mensagem errada à equipa ou desequilibrar alguma rotina defensiva. O facto de ter recuado Chiquinho e Pizzi em campo fez com que Carlos Vinícius ficasse muito sozinho no meio-campo do Vitória SC e isso explica a escassa participação do brasileiro na partida.
Ainda assim, merece elogios pela forma como reabilitou jogadores como Adel Taarabt que se transformou num médio muito completo com e sem bola.
Nuno Almeida
Noite complicada para o árbitro Nuno Almeida em Guimarães. Destaque para o lance em que Davidson se queixou de ter sido agarrado por Rúben Dias na grande área ainda antes do intervalo e que mandou seguir. Antes do apito final, deu ordem de expulsão a Rochinha por ver o segundo cartão amarelo em poucos minutos. No final, foi alvo das críticas do presidente do Vitória SC.