"Penso que temos que reconstruir a confiança entre os 'big six' e os outros. Precisamos estar unidos, todos os clubes, sem exceção, devem trabalhar em conjunto. Nesta altura, dividir ou fazer uma eventual separação desses clubes será outro erro, tão grande como foi a ideia de criar a Superliga", disse Nuno Espírito Santo, numa entrevista ao 'site' do Wolverhampton.
No entanto, o técnico português não deixa de ser duro na crítica aos 12 clubes que promoveram a criação da Superliga: "Foi um erro, uma péssima ideia, algo que iria cortar a diversão do futebol, a diversão do jogo, o direito a sonhar, a crescer e a conquistar coisas, a ideia de alguém se tornar mais forte pelos seus próprios méritos."
Questionado sobre se é possível uma resposta no combate ao racismo tão forte e veemente como aquela que foi dada à criação da Superliga, Espírito Santo é mais cauteloso: "A resposta dos adeptos em geral foi incrível e é evidente que queremos essa resposta para todos os problemas que nos afetam, sendo o racismo uma delas. Honestamente, acho que toda a gente está a dar o melhor de si para erradicar o racismo. Vai levar tempo, mas temos que ser resilientes e persistir nesse combate, para o qual temos também a expectativa de uma participação mais ativa dos órgãos governamentais."
Nuno Espírito Santo abordou ainda a questão recente da infeção do internacional português Rúben Neves com covid-19, que levou ao seu isolamento e ao seu afastamento dos companheiros.
"Infelizmente, ainda está isolado, mas foi testado e ainda não teve permissão para entrar no grupo. Não é o primeiro caso e temos procurado promover sessões de treino nas próprias casas dos jogadores que ficam infetados, alguns têm espaço para isso, mas o tempo não tem ajudado", explicou o técnico português, que atribui a existência de poucos casos na equipa ao cumprimento escrupuloso dos protocolos sanitários por parte do clube.
Para Nuno Espírito Santo, as situações de contágio registadas ocorreram fora da 'bolha' do clube e, por isso, escapam ao seu controlo, dando o exemplo da cedência de jogadores à seleção, sendo a portuguesa a destinatária do maior número dos seus jogadores.
"Se um jogador vai para a sua seleção nacional e tem permissão para viajar para todos os países, alguns que fazem parte da lista vermelha, e regressa ao clube infetado e tem de ser isolado, é algo que escapa ao nosso controlo", lamentou o treinador português, alertando que este problema da pandemia ainda vai permanecer durante muito tempo.
O médio português vai desfalcar 'os lobos', onde alinham os seus compatriotas Rui Patrício, Nélson Semedo, João Moutinho, Vitinha, Podence, Pedro Neto, que não volta a jogar esta época devido a uma lesão grave no joelho, e Fábio Silva, na partida da 32.ª jornada da 'Premier League', frente ao lanterna-vermelha Sheffield United, marcada para sábado.