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"Cristiano Ronaldo parece que está a jogar a vida dentro de campo"

O Desporto ao Minuto convidou Olivier Bonamici, jornalista francês de ascendência italiana, e que trabalha em Portugal, para analisar o último duelo entre os vigentes campeões: o do Mundo frente ao da Europa.

Notícia

© Reuters

Ricardo Santos Fernandes
25/06/2021 07:51 ‧ 25/06/2021 por Ricardo Santos Fernandes

Desporto

Exclusivo

Portugal e França empataram, 2-2, no último jogo da fase de grupos do Euro’2020. As duas congéneres qualificaram-se para os ‘oitavos’ da competição, numa partida em que “os gauleses ficaram com a sensação que a seleção não jogou bem por demérito da formação de Deschamps, mas também por mérito de Portugal”.

Na opinião de Olivier Bonamici, jornalista francês de ascendência italiana, e que trabalha em Portugal, foi “evidente que houve uma seleção gaulesa mais reativa do que ativa, e que não jogava este encontro como um duelo de vida ou de morte”.

Em declarações proferidas ao Desporto ao Minuto, Olivier Bonamici considerou que este encontro não era uma partida de ‘mata-mata’, mas um jogo “espetacular do ponto de vista emocional”.

“Acho que a França não arrancou muito bem no jogo. Quando tu entras numa partida, sabendo que já estás qualificado, acho que isso muda completamente o chip dos jogadores. Até psicologicamente eles não pareciam bem e, à margem disso, Portugal jogou ao mais alto nível. Depois, quando a seleção nacional começa a vencer, surgiu uma reação de orgulho por parte do lado gaulês, porque é sempre um jogo especial. Não era um encontro de mata-mata, mas tem características diferentes. Foi uma partida espetacular do ponto de vista emocional e, mais uma vez, com enorme polémica”, considerou o jornalista francês, sublinhando que o árbitro Mateu Lahoz esteve aquém das expetativas.

“Lloris devia ter sido expulso no lance com o Danilo, ficando também uma grande penalidade por assinalar perto do fim, por falta de Bruno Fernandes, sendo que o castigo máximo para a França também é muito discutível. Tivemos uma arbitragem aquém das expetativas, mas, que no fim, não acabou por ter impacto no apuramento das duas seleções”, asseverou.

Para Olivier Bonamici este empate “traz muita força para Portugal”. “Os pupilos de Fernando Santos estão numa fase de claro crescimento neste Euro’2020. Portugal renovou as suas esperanças com este empate diante do campeão do Mundo e podemos dizer que a mini-revolução de Santos funcionou. Já a França não tem convencido e levantam-se algumas questões sobre o nível de alguns jogadores, como por exemplo o estado de Griezmann. Deschamps já foi criticado no Mundial de 2018 e voltou a ser criticado, mais uma vez, porque a França não joga bem. Muitos dizem que o resultado é o mais importante e outros dizem que as exibições são uma vergonha, e que os gauleses deviam jogar muito melhor com a equipa que têm. A seleção gaulesa voltou a mostrar que não é uma equipa de jogo bonito”, acrescentou Olivier Bonamici, olhando também para aquilo que foi a exibição de Cristiano Ronaldo e Mbappé.

“Mbappé foi contra Portugal muito bem neutralizado por Portugal, nomeadamente por Pepe, enquanto Ronaldo parece que está a jogar o destino, a vida, dentro de campo. O avançado da Juventus joga este Euro num contexto muito especial, até porque poderá ser o último, já Mbappé, sabendo que ainda tem vários anos pela frente, entra em campo sem qualquer pressão”, complementou o jornalista francês, perspetivando o futuro a médio prazo das duas seleções na competição.

“Vai ser um pouco complicado imaginar um Portugal-França na meia final, até pelo caminho árduo que as duas seleções vão ter até lá. Basta ver que no Euro’2016, com adversários mais fracos, a chegada ao jogo do título tornou-se mais acessível para Portugal. Se tivermos em conta que, por exemplo, na outra parte do quadro os Países Baixos podem chegar à meia final eliminando equipas como República Checa, País de Gales ou Dinamarca, deparamos que há uma diferença abissal entre a parte superior e a inferior do quadro”, afirmou Olivier Bonamici, colocando também o seu olhar para o confronto do campeão europeu contra a congénere belga.

“Portugal torna-se mais forte ao longo dos torneios, e assim tem acontecido desde o Euro’2000. Estou bastante confiante para a seleção nacional, mas o problema de Portugal é que vai defrontar um dos grandes favoritos à conquista da competição e que, talvez, até já merece ter no seu palmarés um galardão como este no museu”, rematou.

Leia Também: Bélgica prepara Portugal com boa disposição... e "bullying" a Mertens

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