Lúcio Flávio, que foi treinador-adjunto de Bruno Lage no Botafogo e, posteriormente, assumiu a equipa aquando da saída do técnico português, concedeu, esta quarta-feira uma entrevista ao 'Charla Podcast', na qual recordou o momento em que o ex-Benfica colocou o lugar à disposição, após uma derrota com o Flamengo.
"Ninguém sabia nada daquilo [que Bruno Lage ia colocar o lugar à disposição]. Até a nós chamou a atenção. Ele disse que queria chamar a responsabilidade para ele, porque vinha a sentir essa pressão e obrigação de ganhar o campeonato. Isso repercutiu-se no grupo. Alguns jogadores não gostaram da forma como ele se pronunciou. Aos poucos tentámos ajustar. Para um grupo, aquilo não soa bem e os jogadores falaram num grupo de WhatsApp... Tentei refazer o clima e foi acontecendo aos poucos", começou por explicar Lúcio Flávio.
O treinador contou ainda que tentou Bruno Lage a jogar com Diego Costa e Tiquinho Soares juntos no ataque. Algo que acabou por não acontecer.
"'Bruno, este é um jogo em que podemos jogar com os dois [avançados, Diego Costa e Tiquinho Soares], recuamos um pouco o Eduardo'. Mas ele disse na véspera que estava mais inclinado a jogar com o Diego [Costa]. Eu disse que o Tiquinho poderia ter ido para a seleção e lesionou-se, mas estava a recuperar aos poucos. Disse que ainda existia a expectativa e que era o goleador da equipa, ídolo dos adeptos e de grande parte dos jogadores do plantel, e que isso poderia mexer no balneário. Silêncio no almoço, balneário diferente. Vamos para o jogo, aquecimento com um clima mais pesado. Depois de tudo, ele teve de entrar e fez o golo", prosseguiu o técnico.
Lúcio Flávio revelou que se sentiu um pouco injustiçado com o tratamento do clube do Rio de Janeiro, ele que foi substituído no cargo por Thiago Nunes.
"Fui informado em Bragança que teríamos um novo treinador, mas que continuaria no clube como adjunto, por isso digo que me senti injustiçado. Mas o clube tem todo o direito de me mandar embora. O tempo mostrou que não era eu o culpado. A equipa não ganhou nenhum jogo. O processo do futebol está ligado à pressão, e quando não a queres do teu lado, atiras para outro", concluiu.
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