José Mourinho está nas bocas do mundo. O treinador português foi despedido pela AS Roma logo nas primeiras horas da manhã de terça-feira e o mundo não escondeu o choque. Afinal de contas, Mourinho era idolatrado no Olímpico e havia devolvido a chama aos adeptos. Os proprietários (e irmãos) norte-americanos Dan e Ryan Friedkin não estão contentes com o estado atual do clube e decidiram mudar radicalmente o responsável por liderar o histórico emblema giallorosso.
A vontade dos donos da AS Roma em livrar-se de Mourinho era tão grande que apenas poucas horas depois o sucessor já era conhecido e formalmente apresentado aos sócios e adeptos. Daniele de Rossi, jogador histórico do clube, regressa a Roma para assumir o comando técnico e recolocar o clube de volta na rota das vitórias.
A forma como a família Friedkin geriu todo este processo, que culminou na troca de treinador, depressa motivou muitas críticas em Itália, mas também há quem acredite que o crédito de Mourinho se havia esgotado.
O saldo global do treinador português na capital italiana foi de 68 vitórias, 30 empates e 40 derrotas, com um média de 1,70 pontos por jogo. Além disso, Mourinho utilizou 58 jogadores ao longo dos 929 dias em que foi treinador da AS Roma.
Na memória dos adeptos (e na sala dos troféus) fica ainda uma Conference League, conquistada na temporada 2021/22, que levou, inclusive, às lágrimas de Mourinho na hora de receber a medalha.
— VidzDon (@vidzcalcio) January 16, 2024
Das críticas aos árbitros aos recados internos
A passagem de Mourinho pela AS Roma também fica marcada por inúmeras polémicas. O treinador português foi expulso de campo por diversas vezes, protagonizando discussões acesas com os árbitros. De resto, Mourinho fez o último jogo pelo clube italiano sentado... na bancada de San Siro, a cumprir castigo.
No entanto, esta fúria de Mourinho, sempre igual a si próprio, não era apenas dirigida para fora do clube. Também internamente foi deixando vários recados e reparos, sem olhar a cargos ou estatutos. Reprendeu jogadores de forma pública (Rick Karsdorp foi afastado por algum tempo), arrependeu-se de fazer entrar outros tantos em campo (Renato Sanches nem queria acreditar), mas também visou diretamente os donos do clube, lembrando que o seu contrato estava a terminar e que as coisas precisavam de mudar.
A situação financeira também não ajudou Mourinho na segunda aventura por Itália, depois de ter dado ao Inter uma Liga dos Campeões. O treinador português desde cedo assumiu ter plena consciência dos problemas financeiros do clube, mas não ia deixando de lamentar a falta de meios para conseguir jogadores da alta roda. Ainda assim, Mourinho teve como uma das maiores vitórias a contratação de Paulo Dybala, que chegou a Roma no verão de 2022 vindo da rival Juventus. O argentino tinha várias ofertas em cima da mesa, mas foi por Mourinho que aceitou o convite da Roma.
Futuro é uma incógnita (mas não faltam opções)
Mourinho não escondeu a emoção no momento em que saiu pela última vez de Trigoria, centro de treinos da AS Roma. Com alguns adeptos à sua espera, o técnico luso agradeceu os dois anos vividos junto deles e acabou por deixar escapar um par de lágrimas.
O futuro é uma incógnita, mas já se sabe que a Mourinho não faltam convites em cima da mesa. O sonho de orientar uma seleção continua bem presente, mas uma aventura fora da Europa também pode acontecer. Até porque a Arábia Saudita já assumiu o desejo de poder contar com um treinador com 26 títulos no currículo.
"Nas férias recebi a maior e mais louca oferta que um treinador já recebeu na história do futebol e recusei. Fiz isso porque dei a minha palavra aos meus jogadores, aos adeptos e ao dono do clube", afirmara Mourinho em setembro de 2023, sem revelar, porém, o nome do clube, mas tudo leva a crer que se tratava do Al Hilal, que acabaria por fazer regressar Jorge Jesus ao comando técnico.
Seis meses depois, Mourinho está agora livre no mercado e torna-se num alvo apetecível para os milionários sauditas. O Al Ettifaq, de Steven Gerrard, não vive os melhores dias, mas há mais clubes de olho no português. Em Inglaterra saltam à vista os nomes de Newcastle e Crystal Palace, mas também Bayern Munique, da Alemanha, e PSG, de França, são possibilidades que não podem ser descartadas.
Há, ainda, a MLS, campeonato norte-americano que, tal como a Arábia Saudita, também está disposto a todos os esforços para dar uma nova dimensão ao futebol do país, que já fez chegar Messi no verão.
Jogadores despedem-se (e alguns são apertados pelos adeptos)
Paulo Dybala e Rui Patrício fizeram questão de deixar uma mensagem ao treinador português nas redes sociais, tal como Nicolò Zaniolo, que já não se encontra em Roma, mas que faz parte do lote de jogadores que conquistou a Conference League.
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Curiosamente, o argentino foi 'apertado' pelos adeptos, tal como Paredes, à saída do treino, tendo sido lembrado que "Mourinho já não é desculpa" para os maus resultados.
As contas aos milhões da indemnizações
Aos 60 anos, Mourinho foi despedido pela sexta vez na carreira e as indemnizações encaixadas já ascendem aos quase 100 milhões de euros. As contas feitas incluem a primeira 'chicotada psicológica', que teve lugar em 2007, quando Roman Abramovich pagou 20,9 milhões de euros para o afastar do Chelsea. Algo que voltaria a fazer, em 2015, desta feita, por 9,6 milhões de euros.
A estes valores, há, ainda, a acrescentar os que recebeu de Real Madrid (19,7 milhões de euros), Manchester United (22,8 milhões de euros) e Tottenham (17,4 milhões de euros).
Também neste aspeto, Mourinho é um dos treinadores mais consagrados do futebol mundial. Resta, agora, saber, o que se segue para o Special One.
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