Dores de crescimento... e de mudança: As notas do Eslovénia-Portugal

Primeira derrota na era Roberto Martínez aconteceu um ano após a estreia pela seleção nacional.

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Miguel Simões
27/03/2024 07:53 ‧ 27/03/2024 por Miguel Simões

Desporto

Análise

A seleção nacional interrompeu o longo trajeto sorridente de 11 triunfos consecutivos, esta terça-feira, ao ser derrotada pela Eslovénia (2-0), em Liubliana, na preparação do Euro'2024. Num jogo que marcou o regresso de Cristiano Ronaldo e muitos outros craques, Roberto Martínez procurava igualar o seu recorde pessoal de 12 vitórias seguidas, mas não teve direito a essa 'Vénia'. Esteve a 'culpa' nas mudanças?

Com dez alterações (apenas Pepe resistiu) no onze, Portugal apresentou-se com uma linha de três defesas e, para além dos erros defensivos, a construção ofensiva saiu fortemente prejudicada, por comparação a duelos anteriores. Tanto assim foi que a equipa das quinas foi para o intervalo sem qualquer remate à baliza.

Roberto Martínez mexeu ao intervalo e até estreou Francisco Conceição, mas foi a Eslovénia a sorrir já dentro dos últimos 20 minutos. Cerin desbloqueou o nulo (72') e Elsnik rubricou a surpresa total (80'), no lance imediatamente após os pedidos de grande penalidade. 

Após mais de um ano sem conhecer o sabor da derrota, Portugal não escapou às (necessárias) dores de crescimento - e até de mudanças, impulsionada por Roberto Martínez -, levando o próprio selecionador a considerar que, com base na sua estratégia, também era importante sentir o peso de uma derrota para "apanhar mais informação".

É caso para dizer que no país em que as palavras 'Love' (amor em português) e 'Vénia' estão implícitas, Cristiano Ronaldo não teve o 'Love' necessário no seu regresso e Portugal ficou sem direito a uma 'Vénia', na preparação para o Euro'2024, sensivelmente um ano após a estreia de Roberto Martínez na seleção nacional.

Vamos então às notas da partida:

Figura

Adam Cerin afirmou-se como uma das unidades mais desequilibradoras do encontro e a prova disso foi o golo que desbloqueou o encontro, aos 72 minutos, beneficiando de um passe de Benjamin Sesko. Além disso, o médio do Panathinaikos foi um dos jogadores mais assertivos no momento do passe e as suas movimentações não passaram despercebidas na fluidez ofensivas da Eslovénia, para além do contributo defensivo na hora de travas as investidas portuguesas.

Surpresa

Benjamin Sesko foi uma autêntica 'dor de cabeça' para o setor defensivo português e, já depois de ter ameaçado a baliza de Diogo Costa na primeira parte, não hesitou em fazê-lo no segundo tempo, tanto que, a primeira grande ocasião até nasceu dos seus pés. O guardião do FC Porto ainda adiou aquele que viria a ser o 'descalabro' nos últimos 20 minutos, mas Sesko também contribuiu, de forma direta, para esse desfecho (na assistência para o primeiro golo), acabando por ser substituído aos 87 minutos.

Desilusão

Danilo Pereira é, possivelmente, um dos jogadores que 'transpira' mais segurança nos jogos, mas a verdade é que foi chamado a alinhar num trio de centrais e não se pode dizer que as coisas tenham corrido bem, sobretudo na abordagem que teve aos dois golos da Eslovénia. O futebolista do PSG não leu da melhor forma as movimentações dos seus adversários na grande área e, embora ainda 'divida' culpas com outros colegas, deixou os eslovenos a festejar um triunfo algo surpreendente.

Treinadores 

Matjaz Kek promoveu meia dúzia de alterações por comparação ao duelo particular diante de Malta (2-2), mas a verdade é que conseguiu manter a sua equipa a jogar 'olhos nos olhos' na receção a Portugal. Não são só os dados estatísticos que o mostram. A exibição é elucidativa disso mesmo, uma vez que a Eslovénia, perante um adversário que fez alguns ajustes táticos, praticamente nunca foi inferior a Portugal. As substituições, antes e depois dos golos, foram igualmente estratégicas.

Roberto Martínez apenas manteve Pepe no onze de Portugal, por comparação ao duelo diante da Suécia (5-2), em Guimarães, 'revolucionando' não só a equipa inicial, como ainda o sistema tático. A jogar com uma linha de três defesas, a seleção lusa teve sérios problemas em construir jogadas perigosas, sobretudo na primeira parte, acabando depois por acumular erros defensivos no segundo tempo. O técnico espanhol ainda mexeu ao intervalo (e também a dois minutos do fim), mas nada pôde fazer.

Árbitro

Irfan Peljto protagonizou uma arbitragem segura durante grande parte da partida, mas acabou por cometer um erro com influência no resultado. Já depois de dois pedidos de grande penalidade no primeiro tempo, Cristiano Ronaldo caiu na grande área precisamente antes do segundo golo da Eslovénia (80'), num claro 'empurrão' de Bijol que não foi assinalado pelo árbitro bósnio, transformando um possível 1-1 num sentenciador 2-0. 

Leia Também: CR7 sem 'Love'. Martínez não chega ao recorde e Portugal fica sem 'Vénia'

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