O dia de sábado mudou uma página na história do FC Porto. As extensas filas que se fizeram sentir desde manhã cedo no Estádio do Dragão faziam antever aquele que seria o ato eleitoral mais concorrido da história portista. E as previsões não enganaram.
As urnas ainda não tinham fechado e já se sabia que se tinha feito história. Com acusações de influência nos resultados finais por parte de Pinto da Costa e de bipolarização por Nuno Lobo, o clube azul e branco fez saber a meio da tarde que mais de 18 mil sócios tinham votado até às 16h00. Mas a afluência não se ficou por aqui.
Entre as 9h00 e as 20h00 de sábado, 26.876 sócios do FC Porto votaram nestas eleições. Nem a chuva, nem o arranque atrasado das votações travou este que foi um resultado histórico em eleições para a presidência dos dragões.
Presença da PSP na contagem e o fim de uma era
Fechado o período para a votação nos três candidatos nesta corrida - Pinto da Costa, André Villas-Boas e Nuno Lobo - era tempo de se começar a contar os inúmeros votos para se saber se se estava perante uma mudança de cenário ou a continuidade do reinado. Mas esta parte não arrancou sem antes ter sido solicitada a presença da PSP. Pouco depois das 21h00, o processo arrancou. Tinha sido prometido que seria rápido, mas foi madrugada dentro que se conheceram os resultados oficiais.
Os votos estavam a ser contados à pouco mais de hora e meia quando se confirmou o fim do reinado de Pinto da Costa no FC Porto. Coube a Vítor Baía admitir que a lista A, liderada pelo agora ex-presidente, tinha sido derrotada no ato eleitoral. Mas a noite ainda era longa e prometia algumas desavenças até ao encerrar deste longo dia. Pelo meio, Nuno Lobo também deixou uma mensagem ao antigo 'comandante' dos portistas.
Se já se fazia a festa na zona de Agramonte, onde Villas-Boas aguardava pelos resultados oficiais, no Estádio do Dragão houve aplausos... e conflitos. Pouco depois de Vítor Baía ter admitido a derrota, Pinto da Costa abandonou o local onde esteve praticamente todo o dia. Sem prestar declarações aos jornalistas, o 31.º presidente portista deixou o Dragão aplaudido por dezenas de adeptos e de sorriso no rosto, apesar da derrota nas eleições. No meio destes aplausos, a PSP foi obrigada a intervir para impedir uma tentativa de invasão a uma das garagens do Estádio do Dragão por parte de vários adeptos pró-Pinto da Costa.
Mas já não se podia conter aquele que foi um 'grito' de revolta dos associados do FC Porto e que trouxe uma nova era ao clube da Invicta. Após a lista de Pinto da Costa ter admitido a derrota, e após José Pedro Pereira da Costa, novo homem forte das finanças portistas, e Rui Pedroto falarem de uma vitória com contornos esmagadores, eis que surge o primeiro discurso do novo presidente portista
"FC Porto livre de novo", mas sem esquecer o passado de vitórias
André Villas-Boas tornou-se o 32.º presidente da história do FC Porto, ao vencer as eleições de sábado dos órgãos sociais, quebrando um ciclo de 15 mandatos e 42 anos de Pinto da Costa. E ainda não se conheciam resultados oficiais quando deixou as primeiras palavras como novo líder máximo dos portistas.
Depois de largas horas de espera, o antigo treinador portista, cuja primeira imagem após a vitória foi com a mítica camisola 13 de Juary, falou para dezenas de adeptos azuis e brancos que estavam presentes na sua sede de campanha, na zona da Boavista.
Villas-Boas assegurou que o clube "está livre de novo" e que se começa "a escrever uma nova e vitoriosa página". Sem esquecer Pinto da Costa, a quem agradeceu "por tudo o que deu ao FC Porto", o novo presidente do FC Porto disse estar "contente, orgulhoso e honrado" por esta vitória, prometendo "coragem e trabalho árduo" numa "casa que tem de ser arrumada, estruturada e organizada."
"Espero corresponder: ganhar, conquistar títulos e sustentar o clube para o futuro. É uma noite histórica, viu-se a força do FC Porto, um clube que está vivo", assegurou Villas-Boas, após uma "noite histórica" para o conjunto azul e branco. Deixou um desafio ao ex-líder e falou também do futuro de Sérgio Conceição.
Corria já madrugada dentro quando se teve conhecimento dos contornos esmagadores do triunfo de Villas-Boas. No ato eleitoral mais participado de sempre do clube, o ex-treinador da equipa de futebol portista (lista B) destronou Pinto da Costa (A). Foram 21.489 votos (80,28%) em Villas-Boas contra 5.224 votos (19,52%) do agora-ex-presidente. Nuno Lobo revalidou a condição de terceiro e último candidato mais votado alcançada em 2020, ao somar apenas 53 (0,2%).
Estava confirmado o fim de um 'reinado' com 15.344 dias de Pinto da Costa, que já comandava o FC Porto desde 17 de abril de 1982. Villas-Boas, de 46 anos, ascendeu ao trono após célebre passagem pela cadeira de sonho. E agora tem pela frente quatro anos para dar continuidade ao legado daquele que foi o dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial, intitulado por si de "presidente dos presidentes".
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