Mal soou o apito que consumava a derrota benfiquista em Famalicão, na Praça Mouzinho de Albuquerque, popularmente conhecida como Rotunda da Boavista, começavam a ouvir-se buzinões e gritos entusiásticos de adeptos que envergavam os cachecóis pelas janelas das viaturas a entupir a estrada.
Ainda assim, a concentração dos adeptos tardou em surgir, algo facilmente explicado pelo contexto da festa - após um inesperado desaire do Benfica, consumada numa fase já tardia da noite de domingo e com algum frio, apesar de não ter chovido.
Por volta das 23:00, um maior aglomerado de aficionados entusiásticos, de algumas centenas, juntava-se em frente à Casa da Música, entoando cânticos como o "Só eu sei porque não fico em casa", enquanto bandeiras eram hasteadas e petardos lançados.
"Ninguém acreditava neste equipa depois do quarto lugar da última época. Voltámos a provar de que é feito o leão. O leão está aqui. Fomos a equipa que melhor futebol jogou. É um título inteiramente justo", reiterou à Lusa Pedro Borges, um adepto sportinguista, de 24 anos.
Relativamente às circunstâncias em que o título foi conquistado, após uma derrota de um rival, Joana, uma aficionada vestida de verde e branco da cabeça aos pés, confessou que preferia ver o Sporting ser campeão "depois de uma vitória", mas garantiu que "a festa é sempre bem-vinda".
"Era uma questão de tempo até sermos campeões. Preferia ser campeão para a semana, depois de uma vitória, mas não me queixo. A festa é sempre bem-vinda. Em 2021, foi estranho por causa da covid, agora está um ambiente diferente", lembrou a aficionada de 35 anos, antes de voltar aos cânticos, numa festa que decorre sem incidentes maiores.
Quanto à figura de proa da conquista leonina, o nome de Gyökeres era consensual, ele que monopolizou para si uma boa parte dos cânticos dos sportinguistas - quase cantavam tanto pelo sueco como pelo próprio clube, enquanto uma criança, das poucas mais jovens no local, imitava a celebração do jogador.
O avançado, que chegou esta temporada dos ingleses do Coventry City, leva 27 golos no campeonato, sendo o melhor marcador da competição, e é vontade generalizada dos apoiantes do clube que ele permaneça pelo menos mais uma temporada de 'leão ao peito'.
"O Gyökeres é um fenómeno, um Deus. Foi um achado um ponta de lança daqueles e obviamente que ele é principal figura deste título, sem desprezar os outros colegas e o treinador", disse André, de 21 anos.
A continuidade do técnico Rúben Amorim é também muito pedida, com alguns gritos de apoio também alusivos ao treinador, mas o mesmo adepto reconheceu que o seu futuro não deverá passar pelo Sporting.
"Acredito que o Rúben queira outros horizontes, ir para o futebol inglês. Ele deu-nos muito, deu-nos dois campeonatos, depois daqueles anos todos sem ganhar nada. Merece sair se ele assim entender", resignou-se.
Por volta da meia-noite, começou a ser lançado fogo-de-artifício por várias ocasiões, na altura de apogeu da festa, acendendo-se tochas verdes que davam cor à rotunda.
Apesar de já começar a haver alguma desmobilização, os adeptos mais comprometidos com os festejos prometem ficar até altas horas da madrugada, alimentados pela alegria do título que fugia desde 2020/21.
O Sporting sagrou-se no domingo campeão português de futebol pela 20.ª vez, beneficiando da derrota do Benfica na visita ao Famalicão, por 2-0, na 32.ª jornada da I Liga, para chegar ao título.
Com este resultado, o Sporting, que no sábado venceu em casa o Portimonense (3-0), volta a conquistar o título, depois do último em 2020/21, somando 84 pontos, mais oito do que o Benfica, quando estão apenas duas jornadas por disputar.