"O técnico do Palmeiras errou, e muito, na sua declaração. Gostaria de convidá-lo a conhecer a história dos povos indígenas do Brasil. E também conhecer a história de colonização de Portugal, seu país de origem, em relação ao Brasil e como estamos trabalhando para rever isso", começou por escrever nas suas redes sociais, Sonia Guajajara, já depois de Abel Ferreira ter pedido desculpas de manhã.
A ministra brasileira afirmou ainda que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "admitiu que o país foi responsável por uma série de crimes contra escravos e indígenas no Brasil"
"Uma declaração muito importante porque o reconhecimento de tais crimes é o 1.º passo para ações concretas de reparação", prosseguiu.
Em causa estão declarações feitas a 23 de abril, durante um jantar com correspondentes estrangeiros em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que o país deveria "assumir a responsabilidade total" pelo que fez no período colonial e "pagar os custos"
A ministra brasileira elogiou o posicionamento do chefe de Estado português que trouxe para debate a importância de avançar "numa agenda de igualdade étnico racial como premissa para a cidadania".
Sonia Guajajara recordou ainda o acordo o memorando de entendimento assinado em junho em Portugal entre o Governo brasileiro e o Observatório do Racismo e Xenofobia.
"Essas ações são importantíssimas e passam também pelo combate a estereótipos em relação a esses povos, que levam a falas inadmissíveis como essa de Abel Ferreira", concluiu a ministra brasileira.
Abel Ferreira pediu hoje desculpa por ter usado a expressão "equipa de índios".
"Repudio toda e qualquer forma de preconceito e discriminação. Infelizmente, há expressões que continuamos a perpetuar sem que nos debrucemos sobre o seu conteúdo. Errei ao usar uma dessas expressões na coletiva de imprensa", lê-se na página oficial do técnico no Instagram.
Abel Ferreira empregou esta expressão na quinta-feira, após a vitória por 3-1 frente ao Atlético Goianense, aludindo ao equilíbrio dado ao 'onze' pelo médio argentino Aníbal Moreno, que, em sua opinião, permitiu que os avançados jogassem mais libertos.
"Porque esta não é uma equipa de índios. Há uma organização e, dentro dessa organização, há liberdade para gerar e se conectarem. Temos princípios de jogo e um deles é o equilíbrio e o Aníbal é um desses pêndulos", referiu, na ocasião, o português.
Um dia depois, Abel Ferreira lamentou a expressão utilizada: "Reconheço que palavras têm poder e impacto, independentemente da intenção. Todos devemos questionar, pensar e melhorar todos os dias. Peço desculpa a todos, em especial às comunidades indígenas".
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