"Transferências em junho? Não me parece que assistamos a muitos negócios"

A criação de uma janela de transferências de futebolistas entre 01 e 10 de junho de 2025, na antecâmara do Mundial de clubes, vai promover ajustes pontuais nos plantéis, reconhecem à agência Lusa especialistas em direito desportivo.

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Lusa
04/12/2024 13:57 ‧ há 8 horas por Lusa

Desporto

Futebol

"Não me parece que assistamos a um número minimamente significativo de negócios. A lógica de mercado é muito assim: começa com as grandes transferências e quem as opera são os principais clubes, que fazem com que a bola de dinheiro comece a rolar e se distribua por todos os outros. Isso só ocorrerá depois da prova, quando os que tiverem capacidade para pagar muitos milhões de euros por um atleta forem ao mercado", vincou Gonçalo Almeida, advogado e juiz da Câmara de Agentes do Tribunal de Futebol da FIFA.

 

As federações-membro dos 32 participantes do alargado Mundial de clubes - que provêm de cinco continentes, incluindo Benfica e FC Porto, e vão a sorteio na quinta-feira - terão a opção de abrir uma janela de transferências extraordinária para todos os seus filiados antes do torneio, previsto para decorrer de 15 de junho a 13 de julho, nos Estados Unidos.

"O próprio mercado de julho e agosto tem sido de contração. Esta janela poderá ter duas perspetivas: aproveitar oportunidades de negócio ou antecipar a aquisição de um jogador extraordinariamente apetitoso, que pode estar prestes a ir parar à concorrência. A minha sensação é de que vai ser tão excecional como a pequena dimensão temporal que tem", enquadrou Jerry Silva, advogado e juiz-árbitro do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD).

Os clubes devem indicar à FIFA uma lista provisória de 26 a 50 atletas, a partir da qual serão convocados entre 26 e 35 para o Mundial, cujo calendário anual passou dos meses de outono ou inverno para o início do verão e decorrerá numa periodicidade quadrienal, coincidindo com a expiração de alguns contratos, sobretudo na Europa, em 30 de junho.

Se dois emblemas desejarem incluir nas respetivas listas originais o mesmo jogador que esteja prestes a terminar o seu vínculo a outro clube, a secretaria-geral do organismo regulador da modalidade vai ouvir todas as partes interessadas e decidirá essa disputa.

"Tenho muita dificuldade em perceber como é que a FIFA vai tirar um coelho da cartola para resolver esse problema, mas poderá eventualmente utilizar o mecanismo lançado aquando da [pandemia de] covid-19. Como o Mundial se prolonga por um período mais longo do que o final da época, ordenaria por circular que os contratos dos atletas que ali participam sejam automaticamente prorrogados até ao fim da prova", sugeriu Jerry Silva.

Entre os 12 representantes europeus, Ilkay Gündogan e Kevin De Bruyne (Manchester City), Ferland Mendy, Lucas Vázquez e Luka Modric (Real Madrid), Alphonso Davies, Joshua Kimmich e Leroy Sané (Bayern Munique), Stefan de Vrij e Marko Arnautovic (Inter Milão), Danilo (Juventus) ou Reinildo, César Azpilicueta, Axel Witel e Koke (Atlético de Madrid) são potenciais futebolistas livres na viragem do primeiro semestre de 2025.

Issa Kaboré, Renato Sanches e Zeki Amdouni estão emprestados até 30 de junho ao Benfica, cujo capitão Nicolás Otamendi e Ángel Di María já entraram no último ano, tal como Iván Marcano e Wendell no FC Porto, ao qual foram cedidos Nehuén Pérez, Tiago Djaló e Fábio Vieira - os dois últimos com vínculos oficializados até ao fim do Mundial.

"Contudo, isto pode criar uma distorção financeira e competitiva absolutamente perigosa no mercado. Imagine-se o cenário em que um clube forte tem no seu radar um atleta que joga num adversário do seu grupo no Mundial: essa contratação pode ser antecipada de agosto para junho, precisamente para tornar essa equipa mais fraca", alertou Jerry Silva.

Entre 27 de junho e 03 de julho, a FIFA vai autorizar cada clube a substituir futebolistas com contratos expirados e a adicionar até dois novos jogadores à sua lista final, mas ninguém será elegível para competir por mais do que um emblema ao longo do torneio.

"Para todos os efeitos, há uma regra muito simples: um atleta pode ser registado por três clubes e atuar apenas por dois durante uma temporada. Existem limitações no número de emblemas que um jogador pode representar se prorrogar o seu contrato por uma época, com o intuito de apenas atuar até ao final desta competição", lembrou Gonçalo Almeida.

Leia Também: Expansão do Mundial de clubes catapulta FIFA na repartição de receitas

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