Se alguém elaborasse uma lista dos pontas de lança mais letais que passaram pelo futebol português, principalmente num passado recente, o nome de Jackson Martínez tinha, obrigatoriamente, de constar na mesma. O avançado colombiano é um dos vários nomes vindos da América do Sul para ter sucesso no FC Porto e a relação entre o jogador e o clube foi de 'amor à primeira vista', dado o impacto quase imediato.
Vindo dos mexicanos do Jaguares, para jogar em Portugal na época 2012/13, Martínez chegava com uns impressionantes 19 golos em 35 jogos (registo só por si superado em 2009, ao serviço do Independiente Medellín, em que apontou 26 tentos em 32 partidas), mas esses números acabariam por parecer pequenos logo no primeiro ano na I Liga.
Em 43 jogos na primeira temporada de dragão ao peito, o atacante colombiano chegaria aos 31 golos e arrecadou, desde logo, o estatuto de titular indiscutível para Vítor Pereira. O FC Porto acabaria mesmo por ser campeão nacional com o inesquecível golo marcado já nos descontos do Clássico com o Benfica, com Kelvin a fazer o 2-1 que 'roubaria' o título às águias (e que deixaria Jorge Jesus de joelhos no Dragão).
Momento em que Kelvin atira de fora de área e dá o golo da vitória - e, consequentemente, o título de campeão nacional - ao FC Porto© Getty Images
No ano seguinte, Jackson não tirou o 'pé do acelerador' e somou ainda mais minutos em campo. Ao todo, jogou 51 jogos, mas o número de golos reduziu ligeiramente, para 29.
Para quem pensava que a primeira época não voltaria a repetir-se, o Cha-Cha-Cha, como foi apelidado, voltou a superar-se em 2014/15 e apontou 32 golos em 42 jogos, números que chamaram à atenção do Atlético de Madrid.
Os colchoneros bateram a cláusula de rescisão no verão de 2015, fixada nos 35 milhões de euros, e Jackson mudou-se para Espanha. Hoje, se lhe perguntassem se repetiria essa decisão, talvez a resposta fosse negativa.
Passagem de Jackson Martínez pelo Atlético de Madrid não foi feliz e acabou por ser muito curta© Getty Images
A verdade é que a transferência para o Atlético provou ser o 'princípio do fim' para o colombiano, que nunca mais teve o sucesso dos tempos em que jogou de azul e branco. Após meia época na capital espanhola, Jackson foi contratado pelos chineses do Guangzhou FC, a troco de 42 milhões de euros, numa altura em que a ideia era atrair grandes estrelas do futebol europeu e fazer deste campeonato o que se veio a verificar, mais recentemente, com o campeonato saudita
Na China, o Cha-Cha-Cha jogou apenas 16 ocasiões e fez quatro golos, com o regresso a Portugal a acontecer na época 2018/19, pelas mãos do Portimonense, numa altura em que as lesões não o largavam. De novo no principal escalão luso, Jackson Martínez apontou, na primeira temporada, nove golos em 28 jogos, enquanto que na segunda não passou dos três golos em 26 partidas.
Foi no Portimonense que Jackson Martínez 'pendurou as chuteiras'© Getty Images
Foi assim, de forma até um pouco inglória, que o ponta de lança que tantas felicidades deu aos adeptos do FC Porto acabaria por se despedir dos relvados - mas não sem antes ser aplaudido de pé no Estádio do Dragão - para se dedicar, a tempo inteiro, à música, aquela que nunca escondeu ser uma grande paixão.
Recentemente, o agora ex-jogador lançou um álbum, intitulado 'Cuatro Trece', e o mesmo já pode ser ouvido em todas as plataformas digitais. Abaixo poderá ver (e ouvir) um excerto de 'Inexcusables', um dos temas que compõem o disco.
Todas as semanas o Desporto ao Minuto apresenta-lhe uma nova edição da rubrica 'O que é feito de...?', que pretende recordar o percurso de algumas personalidades do mundo futebolístico que acabaram por cair no esquecimento.
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