Desde o início da tarde, a multidão começou a concentrar-se nas imediações do estádio, vestida de azul e branco, empunhando bandeiras e cartazes com mensagens de agradecimento, enquanto a claque entoava cânticos em honra de Pinto da Costa.
'Obrigado, Presidente eterno', lia-se em algumas das faixas erguidas pelos adeptos, que, durante vários minutos, acenderam tochas e ergueram cachecóis em silêncio, em homenagem ao dirigente que liderou o clube portuense durante mais de quatro décadas.
A romper o silêncio, uma salva de palmas recordou o legado de um homem que dedicou a sua vida ao clube. Lágrimas e sorrisos encontraram-se, revelando a profunda ligação entre o FC Porto e Pinto da Costa.
"Ele não foi apenas um presidente, foi um visionário que transformou o FC Porto num dos clubes mais respeitados do mundo", afirmou João Ribeiro, adepto de 42 anos.
Mariana Verdez, sócia desde que nasceu, há 45 anos, não conteve as lágrimas pela morte daquele que considerava "um amigo".
"Nunca o conheci pessoalmente mas considerava-o amigo. Porque os amigos fazem-nos bem e as maiores alegrias que tive até hoje foram com o FC Porto. E o comandante deste leme foi ele", recordou.
Numa altura em que a multidão já ocupava uma zona central do Estádio do Dragão, Manuel Carreiros, do outro lado da rua, preferiu manter-se à parte para assistir ao momento.
"Nestes últimos tempos fiquei desiludido com a postura de Jorge Nuno Pinto da Costa. Mas neste momento não consigo pensar nele com mágoa. A bem da verdade, foram mais as coisas boas que nos deu, do que desilusões. E é isso que tem que ficar", disse, emocionado.
O ambiente refletiu o impacto que Pinto da Costa teve no clube, e também na vida de gerações de adeptos que o viam não apenas como líder, mas como uma figura de referência e orgulho.
As lágrimas e os aplausos, a música e os cânticos, foram o retrato de uma despedida que se transformou numa celebração de um legado imortal.
"Ele não foi só o presidente, foi o arquiteto do nosso clube", disse João Ribeiro, um adepto de 42 anos, enquanto olhava para o estádio, agora vazio, mas cheio de memórias.
Jorge Nuno Pinto da Costa, ex-presidente do FC Porto, clube no qual se estabeleceu como dirigente mais titulado e antigo do futebol mundial entre 1982 e 2024, morreu no sábado aos 87 anos, vítima de cancro.
Pinto da Costa tinha sido diagnosticado com um cancro na próstata em setembro de 2021 e agravou o seu estado de saúde nas últimas semanas, menos de um ano depois da derrota para a presidência do clube frente a André Villas-Boas.
Empossado pela primeira vez em 23 de abril de 1982, seis dias depois de ter sido eleito sem oposição como sucessor de Américo de Sá, o ex-dirigente exerceu funções durante 42 anos e 15 mandatos consecutivos, levando o FC Porto à conquista de 2.591 títulos em 21 modalidades - 69 dos quais no futebol sénior masculino, incluindo sete internacionais.
O funeral do antigo dirigente 'azul e branco' vai realizar-se na segunda-feira, pelas 11:00, após o velório, que vai iniciar-se durante a tarde de hoje, partir das 18:00, na Igreja das Antas.
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