"Em nenhuma circunstância os chineses vão controlar o que a EDP tem nos Estados Unidos, o terceiro maior produtor de energia renovável", afirmou o embaixador norte-americano em Lisboa, em entrevista hoje publicada no Jornal Económico.
Em causa está a Oferta Pública de Aquisição (OPA) feita à EDP pela China Three Gorges (CTG), empresa elétrica estatal chinesa que já detém 23,27% da elétrica portuguesa, anunciada em maio de 2018 e cujas negociações continuam.
"Opomo-nos absolutamente a esse negócio", garantiu George Glass.
O embaixador acrescentou ainda que, em situações idênticas, as autoridades norte-americanas vetaram o negócio.
"O que posso dizer é que quando situações idênticas ocorreram no passado, a essas entidades não lhes foi permitido concluir o negócio", esclareceu George Glass.
George Glass considerou ainda uma questão de segurança nacional para os Estados Unidos observar as negociações da OPA, e assegurou que o país está a fazê-lo.
"Temos que ver como correm as negociações. Não me parece que estejam a ir muito longe - estamos curiosos para ver o que vai acontecer. De qualquer modo é o Departamento do Tesouro que vai decidir o que fazer", disse o embaixador.
O representante máximo da diplomacia norte-americana em Portugal confirmou ainda que o Comité para os Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos (CFIUS) "tem o poder para impor" a venda de interesses da EDP nos Estados Unidos, caso a OPA da China Three Gorges se efetive.
O embaixador manifestou-se ainda contra o atual panorama do mercado energético português.
"A EDP controla 80% da energia elétrica em Portugal. Do ponto de vista dos Estados Unidos, do ponto de vista de negócios, como do meu ponto de vista pessoal, não deve haver uma entidade estrangeira a deter a vossa energia elétrica. Deve ser controlada pela nação ou pelos privados sob regulação nacional. Não é o caso do que está a acontecer com a EDP", considerou George Glass.
Contactada pela Lusa, fonte da EDP escusou-se a comentar as declarações do embaixador dos Estados Unidos.