Bruxelas continua mais pessimista do que o Governo. De acordo com as Previsões Económicas de Primavera, a Comissão Europeia estima que Portugal cresça 1,7% este ano, abaixo da estimativa de 1,9% apontada pelo ministro das Finanças, Mário Centeno.
Relativamente ao próximo ano, a Comissão Europeia estima que o crescimento do produto interno bruto (PIB) se vai cifrar nos 1,7%, a mesma taxa que a estimada para este ano, de acordo com o mesmo documento.
A Comissão Europeia estima que o défice português se situe em 0,4% do PIB este ano e em 0,1% no próximo ano, mantendo previsões mais pessimistas do que o Governo que aponta para um excedente já em 2020.
Nas previsões divulgadas esta terça-feira em Bruxelas, o executivo comunitário estima que o crescimento do PIB continue a registar "uma expansão moderada", ancorada no crescimento do investimento e do consumo privado cujo comportamento compensa parte do impacto negativo do comércio externo.
Estes números, sublinhe-se, estão em linha com os que foram projetados nas previsões económicas de inverno, em fevereiro. Nessa altura, Bruxelas reviu em baixa o crescimento económico de Portugal.
No 'pacote', que inclui as previsões de crescimento dos vários Estados-membros antes de Bruxelas emitir recomendações, a Comissão Europeia reviu ainda em baixa o ritmo de crescimento da zona euro para 1,2%.
Ainda assim, o comissário dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, responsável por apresentar as previsões, salientou que a economia europeia vai continuar a crescer e que "há boas notícias" no mercado de trabalho, designadamente no "aumento dos salários".
The EU economy will continue to grow in 2019 and 2020. #Growth remains positive in all our Member States and we continue to see good news on the jobs front, including rising wages #ECForecast pic.twitter.com/uRutY8M873
— Pierre Moscovici (@pierremoscovici) May 7, 2019
Moscovici acredita que a economia da UE está "menos favorável às circunstâncias globais e à persistente incerteza", mas diz ser necessário estar "pronto para dar mais apoio à economia caso seja necessário", escreveu numa publicação no Twitter.
This means that the EU economy is holding up in the face of less favourable global circumstances and persistent uncertainty. Nonetheless, we should stand ready to provide more support to the economy if needed, together with further growth-enhancing reforms #ECForecast
— Pierre Moscovici (@pierremoscovici) May 7, 2019
Abrandamento mais forte do que prevê o Governo
Ainda que tenha mantido estas projeções inalteradas, Bruxelas continua a antecipar um abrandamento da economia mais forte do que o Governo que, no Programa de Estabilidade 2019-2023, aponta para um crescimento de 1,9% este ano e no próximo.
A economia portuguesa cresceu 2,8% em 2017 e 2,1% em 2018, com a diminuição das exportações a justificar uma parte significativa deste abrandamento.
Ainda assim "a procura interna permaneceu sólida" devido, sobretudo, ao consumo privado, com a Comissão Europeia a estimar que "o investimento e o consumo privado vão continuar a suportar o crescimento, compensando a maior parte do impacto negativo do comércio externo".
Bruxelas refere, porém, que os mais recentes indicadores dão conta de um decréscimo da confiança dos consumidores e de alguns setores empresariais e que o cenário agora projetado tem riscos devido ao ambiente de incerteza externo.