O advogado do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, disse hoje à saída de uma reunião com o Governo que a Antram "não quis evitar uma possível greve por 50 euros".
"A Antram não quis evitar estas novas formas de luta ou uma possível greve por 50 euros", afirmou o representante do SNMMP à saída de uma reunião com o Governo, no Ministério das Infraestruturas e Habitação, em Lisboa.
Pardal Henriques explicou que o SNMMP marcou presença na reunião desta terça-feira para "balizar para o processo de mediação que se iria iniciar e que se iria prolongar por muitos meses".
O Sindicato, revelou ainda o advogado, "pediu que os trabalhadores fossem valorizados e que recebessem pelo trabalho que fazem. Não abdicamos do pagamento de horas extraordinárias". Pedro Pardal Henriques acrescentou que o Sindicato pediu ainda "um aumento no subsídio de ADR [de transporte terrestre de mercadorias perigosas], que é um subsídio específico para 800 trabalhadores que manuseiam matérias perigosas".
A Antram, revelou Pardal Henriques, "apresentou um documento que deixou ficar cá com o ministro, onde dizia que está disponível para ir para um processo de negociação, desde que seja exatamente o que foi apresentado à Fectrans e imposto ao Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias. Achamos que o mínimo da dignidade dos trabalhadores não estava assegurado e pedimos que as pessoas que fazem trabalho suplementar fossem remuneradas".
No entendimento do advogado, "a Antram está disponível para negociar, mas não aceita nenhuma condição à partida. Os trabalhadores precisam de garantias que vão ser valorizados". Reiterou o porta-voz do SNMMP que os motoristas estão "sempre dispostos a negociar. Agora vamos adotar as medidas que foram tomadas em plenário, mas aguardamos que a Antram possa evitar complicações para os portugueses", atirou.
"Nós já estamos mandatados pelos nossos associados para tomar as formas de luta que iremos tomar", assegurou, acrescentando que na quarta-feira essas formas de luta serão conhecidas.
No domingo, na moção aprovada durante o plenário, os motoristas decidiram mandatar a direção do sindicato para, caso a Antram demonstrasse uma "postura intransigente" na reunião agendada para hoje, tomar medidas, como "a convocação de greves às horas extraordinárias, fins de semana e feriados", até que os interesses dos motoristas sejam efetivamente assegurados.
Hoje, Pardal Henriques salientou que "quem falou pela Antram foi o Governo" e que os transportadores "estiveram sempre protegidos por uma máquina do Estado a trabalhar para eles".
"Nós não fazemos isto para agradar aos portugueses. As greves não existem para agradar aos portugueses", referiu, concluindo com a ideia de que "o principal objetivo é criar condições dignas" para os motoristas e não "uma questão de popularidade".
Na segunda-feira, o Governo aprovou o fim da crise energética, voltando Portugal à situação de normalidade às 00:00 de hoje.
A greve dos motoristas de matérias perigosas, que levou o Governo a adotar medidas excecionais para assegurar o abastecimento de combustível, terminou no domingo, ao fim de sete dias de protesto, depois de o SNMMP, que se mantinha isolado na paralisação desde quinta-feira à noite, a ter desconvocado.
O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias desvinculou-se da greve ao quarto dia, na quinta-feira à noite, e vai regressar às negociações com o patronato em 12 de setembro.