O presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) oficializou, esta quarta-feira ao início da tarde, o anúncio de uma nova greve.
Aos jornalistas presentes em Aveiras, Francisco São Bento fez "declarar uma greve geral dos motoristas que incidirá somente sobre as horas de trabalho acima das oito horas nos dias úteis, sobre o trabalho aos fins de semana e feriados, ficando, assim, assegurado todo o trabalho nos dias úteis, durante as oito horas diárias de trabalho".
O dirigente sindical sublinhou que esta decisão é consequência da "intransigência da ANTRAM em não aceitar os princípios básicos e legais como ponto de partida para a mediação negocial".
Estes princípios, explicou, prendem-se com a "remuneração do trabalho suplementar" e com a "garantia de que estes trabalhadores não trabalharão de graça, nem existirão pagamentos por 'baixo da mesa', não tributados".
Face a estas temáticas, o SNMMP apresentou o pré-aviso de greve que irá decorrer entre os dias 7 e 22 de setembro, altura em que arrancará a campanha eleitoral para o sufrágio legislativo de 6 de outubro.
Ainda nesta senda, Francisco São Bento destacou que a anterior greve foi cancelada a 18 de agosto "com o intuito de se criarem condições para que [o sindicato] se pudesse sentar a uma mesa negocial com a ANTRAM com vista a delinear-se as bases do processo de mediação".
No entanto, sublinhou, no dia "20 de agosto, a ANTRAM não esteve nesta mesa negocial".
Assim, por "não ter sido possível garantir que, independentemente do processo de negociação, os trabalhadores receberão obrigatoriamente as horas extra realizadas acima das 9,5 horas de trabalho diário e que essas horas serão pagas de acordo com o tipificado na lei, de forma declarada e tributada, assim como sobre o novo subsídio incidirá um aumento não inferior a 50 euros, o sindicato vem declarar a greve geral dos motoristas" de matérias perigosas.
Questionado pelos jornalistas, o presidente do SNMMP refutou estar a "demarcar-se" das estruturas que aceitaram o acordo com a Antram, a Fectrans - Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações e o Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM), sustentando estar apenas a pugnar para que "se cumpra a lei".
Francisco São Bento disse ainda ter ficado mandatado pelos associados, no plenário realizado no domingo, para encetar "outras formas de luta" que só serão divulgadas posteriormente.
Para já, o SNMMP vai "aguardar" que a greve dê "os seus frutos", considerando que na última paralisação, entre os dias 12 e 18, ficou provado que "as empresas funcionam com base no trabalho extraordinário destes trabalhadores", alguns dos quais somam já "mais de 500 horas" extraordinárias.
A greve dos motoristas de matérias perigosas, que levou o Governo a adotar medidas excecionais para assegurar o abastecimento de combustível, terminou no domingo, ao fim de sete dias de protesto, depois de o SNMMP, que se mantinha isolado na paralisação desde quinta-feira à noite, a ter desconvocado.
No domingo, na moção aprovada durante o plenário, os motoristas decidiram mandatar a direção do sindicato para, caso a Antram demonstrasse uma "postura intransigente" na reunião agendada para hoje, tomar medidas, como "a convocação de greves às horas extraordinárias, fins de semana e feriados", até que os interesses dos motoristas sejam efetivamente assegurados.
O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias desvinculou-se da greve ao quarto dia, na quinta-feira à noite, e vai regressar às negociações com o patronato em 12 de setembro.