"Temos capacidade para garantir peixe fresco para as necessidades país, mas temos sentido uma quebra na procura com fecho de muitos mercados e restaurantes e com as limitações de acesso aos hipermercados. Não vale a pena estarem todos os barcos no mar se depois não venderem o que pescaram", disse à Agência Lusa José Festas, presidente da Associação Pró Maior Segurança dos Homens do Mar (APMSHM).
Nesse sentido, o dirigente vai endereçar ao Governo uma proposta para "restringir, temporariamente, entre 20 a 30% permanência dos barcos em atividade", mas pedindo para os que ficam em terra "uma linha de crédito ou um subsídio para que pescadores possam continuar sobreviver".
"Se todos forem para o mar, não vão conseguir rentabilizar o que pescam, porque a procura é menor. Mas se reduzirmos a atividade dos barcos e aplicarmos medidas de rotatividade entre a frota, vamos ter mais equilíbrio. Para os que não vão trabalhar através dessa medida, o Governo terá de apoiar pela redução de atividade", disse o líder associativo.
José Festas lembrou que parte do peixe capturado pelos barcos nacionais se destina a Espanha, "onde também se sentiu uma redução da procura", vincando que "este é um setor que lida sobretudo com produtos frescos que são vendidos em quantidades limitadas".
O presidente da APHSM garantiu, ainda, que foram dadas recomendações aos pescadores para minimizarem o perigo de contágio de Covid-19, vincando que o facto das tripulações da maior parte das embarcações não excederem os 10 homens minimiza os riscos de propagação.
"Temos recomendando que lavem as mãos várias vezes, que limpem os barcos, e que quando saem de trabalhar evitem estar em grandes grupos e permaneçam em casa. É importante que todos estejam com saúde para estar no ativo", disse José Festas.
O dirigente partilhou que as medidas de segurança e higiene nas lotas geridas pela Docapesca, nomeadamente a redução de tripulantes na entrega do peixe, "estão a funcionar bem e não têm causado transtorno à atividade".
O coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.850 morreram. Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.