Estas afirmações foram proferidas por António Costa no debate quinzenal na Assembleia da República, em resposta a uma questão formulada pelo secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, sobre a agenda da próxima reunião do Conselho Europeu na quinta-feira.
De acordo com António Costa, perante a atual crise sanitária, tal como ao nível nacional, "também ao nível europeu há dois momentos: O momento da emergência e, depois, o momento do médio e longo prazo".
Tal como já havia afirmado na segunda-feira, em entrevista à TVI, no médio e longo prazo, os Estados-membros da União Europeia precisam "seguramente de um grande plano de investimento à escala europeia - um plano que seja inteligente e que ajude à transição para a sociedade digital e responda aos desafios ambientais, podendo-se chamar Marshall ou Von der Leyen".
"Mas, para além do médio e longo prazo, precisamos de uma resposta já. E essa resposta já implica dinheiro novo para responder aos custos acrescidos que os serviços nacionais de saúde estão a ter em toda a Europa, para podermos aumentar o número de testes na população e para dotarmos os sistemas de saúde com os equipamentos essenciais", salientou.
Depois, deixou uma advertência: "É essencial para não se acrescentar à crise sanitária uma crise económica e social".
"Os apoios que estamos a dar às famílias e às empresas requerem uma resposta comum. O problema não é português, espanhol, italiano ou holandês. É um problema comum a toda a União Europeia e, por isso, temos de ter uma resposta comum de toda a União Europeia", reforçou.
Neste contexto, o líder do executivo saiu em defesa da via de a União Europeia adotar agora uma emissão conjunta de dívida.
"Para além do aspeto financeiro, do ponto de vista político, para que a Europa possa dizer que responde conjuntamente, era simbolicamente muito importante poder haver uma emissão conjunta de dívida titulada por 'eurobonds' ou 'coronabonds', ou como lhe queiram chamar. Devia haver essa resposta não só para apoiar as necessidades de financiamento, mas também porque era uma mensagem política fortíssima que a Europa dava no seu conjunto a todo o mundo: Perante um desafio comum respondemos em comum", declarou, recebendo palmas da bancada socialista.
Ainda sobre a agenda do próximo Conselho Europeu, o primeiro-ministro fez vários avisos: "Não nos podemos andar aqui a enganar uns aos outros".
Segundo António Costa, quando a União Europeia fala de um plano de 37 mil milhões de euros, "hoje já se sabe que não se trata de mais 37 mil milhões de euros, mas da possibilidade de reprogramarmos verbas afetas e com projetos destinados no âmbito do Portugal 2020". "Significa deixar de fazer o que está previsto fazer para acorrer a esta situação de emergência", justificou.
António Costa elogiou também a medida da Comissão Europeia para introduzir nesta fase uma flexibilidade na ajuda de situações de emergência.
"É positiva, mas priva-nos de fazer o planeado. Sobretudo, priva-nos de ter um músculo económico que a União Europeia tem de possuir para efetivamente responder a esta crise", acrescentou.