"A economia alemã precisa urgentemente de um governo estável e funcional, com uma maioria clara no centro democrático", afirmou hoje à noite o presidente da BDI, Peter Leibinger, numa altura em que ainda não há resultados oficiais das eleições, ganhas pelos conservadores da CDU, que terão no entanto de encontrar um ou mais parceiros de coligação para formar governo.
Apontando que é necessário "sair rapidamente do impasse em questões-chave", como a redução da burocracia, investimento público, energia e segurança, Leibinger advertiu que, "quanto mais tempo a incerteza persistir, maior será a relutância das empresas e dos consumidores em investir, enfraquecendo assim o país".
A Federação das Indústrias Alemãs é a organização de cúpula da indústria alemã, representando 39 associações industriais e mais de 100 mil empresas, com cerca de 8 milhões de trabalhadores.
A Alemanha, dependente da energia russa barata, viu a situação económica agravar-se há três anos, com a invasão da Ucrânia pela Rússia e subsequente imposição de sanções contra o Kremlin, o que fez disparar os custos da energia.
Por outro lado, as exportações, principal motor da terceira maior economia do mundo e a maior da Europa, estão a ser afetadas pela concorrência chinesa e ameaçadas pelas tarifas anunciadas pela nova administração norte-americana, desde a posse de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos.
A OCDE prevê que a Alemanha terá o menor crescimento económico da União Europeia, após dois anos de recessão.
Nas suas primeiras declarações após a divulgação das projeções, o líder da União Democrata-Cristã (CDU) e futuro chanceler, Friedrich Merz, disse pretender formar rapidamente uma coligação governamental, afirmando que "o mundo lá fora não está à espera da Alemanha e não está à espera de longas conversações de coligação em negociações".
"Precisamos de voltar a funcionar rapidamente, para podermos fazer o que temos a fazer a nível interno e recuperar a nossa presença na Europa, para que o mundo possa ver que a Alemanha está novamente a ser governada de forma fiável", disse, admitindo, contudo, que "não será uma tarefa fácil".
Também hoje à noite, Merz reiterou a sua rejeição categórica a qualquer cooperação com o partido de extrema-direita AfD, que pouco antes se oferecera para integrar um futuro governo.
De acordo com as mais recentes projeções das eleições legislativas antecipadas de hoje, a CDU obterá 28,4 a 28,6 % dos votos, enquanto a extrema-direita da AfD deverá superar os 20%, quedando-se os socialistas do SPD de Scholz pelos 16,3 a 16,4 %.
Se estes resultados se confirmarem, CDU e SPD ficariam aquém dos 316 lugares necessários para uma maioria no Bundestag (câmara baixa do parlamento) e o futuro Governo alemão voltaria a ter de ser integrado por uma terceira força política.
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