A iniciativa partiu de Henrique Araújo, ex-adjunto de Salvador Malheiro na Câmara Municipal de Ovar, no distrito de Aveiro, e antigo vice-presidente do Esmoriz Ginásio Clube.
Esse empresário começou por lançar um apelo na rede social Facebook às empresas que precisassem de ajuda, "independentemente da sua área de negócio e da dimensão do mesmo", e solicitando a colaboração de "voluntários com competência técnica como juristas, advogados, contabilistas, gestores, administrativos, etc.".
Foi assim constituído o GACEMO - Grupo de Apoio a Comerciantes e Empresários do Município de Ovar, cuja comissão de gestão integra oito elementos devidamente identificados, aos quais se junta ainda um coordenador técnico e uma administrativa.
Numa carta aberta à comunidade, Henrique Araújo explica o cenário atual da economia local: "Estou informado pessoalmente de que existem empresas que não vão abrir mais as suas portas. Outras lutam hoje com circunstâncias de falta de mobilidade apenas, o que as leva a alugarem armazéns fora do município, só para poderem guardar a mercadoria que ficou retida no Porto de Leixões e [cuja retenção] custa uma fortuna diariamente. [Há ainda] Encomendas que não foram despachadas para os clientes, com prejuízos de milhares e milhares de euros".
Agradecendo todos os contactos que permitiram a criação do GACEMO, Henrique Araújo diz estar agora reunida "uma vasta equipa de voluntários de várias áreas, para prestar apoios e esclarecimentos aos agentes da economia municipal" e realça: "Todos devemos contribuir, dentro das nossas possibilidades, para ultrapassarmos este período catastrófico".
O objetivo atual é disponibilizar através da Internet - pelo menos enquanto durar em Ovar a quarentena geográfica que impõe isolamento domiciliário - os necessários esclarecimentos sobre "toda e qualquer matéria no âmbito do Ministério da Economia, bem como da Segurança Social", no contexto específico da pandemia da covid-19.
Salvador Malheiro, presidente da Câmara Municipal de Ovar, já comentou a iniciativa e, após uma primeira "reunião muito profícua" com alguns dos empresários e profissionais nela envolvidos, afirma que o grupo representa "todo o tecido empresarial do concelho".
Propondo-se já "olhar para o futuro", o autarca acrescenta: "[Procurámos] Mostrar a nossa sensibilidade para com os empresários e [ver] também a dos empresários para com a Câmara, que está a colocar a saúde pública em primeiro lugar, mas tentando já pensar no 'day after' [dia seguinte]".
O novo coronavírus responsável pela pandemia de covid-19 foi detetado em dezembro na China e já infetou mais de 400.000 pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 18.000 morreram.
O continente europeu é atualmente o que regista maior número de novos casos, sendo Itália o país com mais vítimas mortais em todo o mundo. Contabiliza 6.820 mortos em 69.176 diagnósticos positivos e, desses infetados, mais de 7.000 já foram dados como curados pelas autoridades.
Em Portugal, na terça-feira havia 33 mortes, mais 10 do que na véspera, e 2.362 infeções confirmadas, segundo o balanço feito pela Direção-Geral da Saúde, que regista 302 novos casos em relação a segunda-feira (mais 14,7%).
Dos infetados, 203 estão internados, 48 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 22 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.
Além disso, o Governo declarou dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.