Centeno quer adiamento do debate dos 'coronabonds' para depois da crise
O presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, defendeu hoje o adiamento do debate sobre os 'coronabonds' para depois da crise e a concentração nas medidas em que haja consenso, numa entrevista a meios europeus hoje publicada.
© Lusa
Economia Mário Centeno
"Sairemos desta crise com uma dívida mais alta para todos os Estados. É decisivo que essas dívidas não sejam um obstáculo para que os Estados assumam novas dívidas", afirmou Centeno na entrevista ao jornal alemão "Süddeutsche Zeitung" e a outros meios europeus.
"Para isto precisamos de prazos longos e juros baixos. Um caminho para reduzir a carga da crise seria a emissão de títulos de dívida comum [os chamados 'coronabonds']. Poderiam ser limitados no tempo, como contempla a proposta francesa", adiantou.
Contudo, de momento Centeno propõe concentração nas medidas em que há consenso e nas que se pode chegar a um acordo na reunião do Eurogrupo na próxima terça-feira.
"Vejo um grande apoio para um novo pacote em defesa da zona euro e de toda a Europa. Elaborámos três medidas de proteção para os orçamentos, para as empresas e para os trabalhadores", disse, referindo que as três reformas são uma rede de segurança de cerca de 500 mil milhões de euros.
Centeno referia-se ao plano de linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) para Estados com problemas, aos créditos do Banco Europeu de Investimento (BEI) para empresas e aos apoios para programas de suspensão de contratos de trabalho ('lay-off') apoiados pelo Estado, propostos pela Comissão e deixava de fora o tema dos "coronabonds".
"Sempre lutarei por mais integração na Europa, mas o debate sobre títulos de dívida comum não deve pôr em perigo a nossa capacidade de chegar a um consenso sobre o pacote de urgência com as suas três medidas de proteção", considerou Centeno quando foi questionado sobre o tema dos "eurobonds".
"Continuaremos o debate", adiantou.
A proposta francesa, segundo Centeno, aponta para a fase da reconstrução depois da pandemia e, disse, "seria eficaz".
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