Tal como já tinha sido anunciado pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) na semana passada, este ano a força sindical não vai realizar as manifestações, concentrações e desfiles que sempre assinalaram o 1.º de Maio em 40 localidades do país.
Contudo, ao Notícias ao Minuto, Isabel Camarinha, secretária-geral da CGTP, garantiu que data não passará em branco, sendo que estão previstas várias ações de rua "que naturalmente terão uma participação limitada, considerando os condicionalismos e medidas de proteção implementadas devido ao surto da Covid-19".
Estas iniciativas irão decorrer "em Lisboa, no Porto e noutras localidades do país" e está previsto que haja um "distanciamento entre quatro a cinco metros entre cada participante". Estas ações também não vão contar com a "participação de reformados, pensionistas, outros grupos de risco ou crianças".
"Os que estiverem presentes nestes protestos representarão as centenas de milhares de trabalhadores que se não fosse devido à pandemia estariam a participar nas manifestações que não vamos realizar", referiu a responsável.
Ainda assim, Isabel Camarinha sublinhou que a celebração do Dia do Trabalhador deste ano é imperativa e tem particular peso, tendo em conta o contexto que vivemos atualmente.
"Consideramos que é fundamental a realização deste 1.º de Maio e destas iniciativas. E é fundamental porque a situação em que os trabalhadores se encontram neste momento exige que a CGTP, que os representantes dos trabalhadores e os ativistas tragam para a rua e para o conhecimento de todos a denuncia pública da grave situação em que os trabalhadores que não é igual para todos", argumentou.
Para secretária-geral, os profissionais que estão na linha da frente no combate ao coronavírus são "quem está a pagar a fatura" do surto no país pois trabalham "em condições que já deveriam ter sido muito melhoradas". A situação de "os cerca de dois milhões de trabalhadores que se encontram em lay-off", os "mais de 350 mil desempregados" e os "mais de 300 mil trabalhares que viram os seus rendimentos cortados", são outras realidades que preocupam "fortemente" a estrutura sindical.
"Apesar de termos vindo a alertar há já algum tempo e até termos alcançado algumas vitórias para minorar as consequências laborais da Covid-19, a CGTP tem de trazer para as ruas estas situações e continuar a alertar as empresas e o Governo para os direitos dos trabalhares. Precisamos que o 1.º de Maio faça com que a voz dos trabalhadores seja ouvida em todo o lado", declarou a Isabel Camarinha vincando que as medidas que têm vindo a ser implementadas pelo Executivo "não são suficientes".
Para além das referidas ações nas ruas - cujos pormenores serão revelados brevemente -, está ainda planeada a divulgação de um "programa durante todo o dia que será partilhado através do site e das redes sociais da CGTP".
25 de Abril: "CGTP irá estar presente na sessão solene no Parlamento"
Com o 25 de Abril à porta, a voz dos trabalhadores também irá se estender a estas celebrações, adiantou ainda a secretária-geral ao Notícias ao Minuto.
Sobre as comemorações, a dirigente sindical apontou que a CGTP "irá estar presente na sessão solene no Parlamento" e que participará na iniciativa na qual é apelado que se cante à janela, às 15h00 do dia da 'Revolução dos Cravos' a 'Grândola, Vila Morena' e o Hino Nacional.
"Iremos cantar a partir da sede da CGTP e das instalações sindicais por todo o país. Apelamos a todos os trabalhadores de Portugal que estão em casa a fazerem o mesmo", concluiu.
Recorde-se que a porta-voz da conferência de líderes, Maria da Luz Rosinha, anunciou, esta terça-feira, que as comemorações do 25 de Abril na Assembleia da República, marcadas para o próximo sábado, não vão contar com mais de 100 pessoas - entre deputados, convidados e jornalistas - devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19.
Segundo a deputada do PS, os convidados vão ser repartidos pelas oito galerias do hemiciclo, cumprindo as regras do distanciamento social. Maria da Luz Rosinha, recordou que da reunião realizada na segunda-feira entre os serviços e a Direção Geral de Saúde resultou, como afirmou hoje a diretora-geral Graça Freiras, que "havia todas as condições da parte da Assembleia da República para realizar a sessão comemorativa".