"As nossas companhias estão sólidas e preparadas para enfrentar os desafios que se venham a colocar e para efetuar os ajustes necessários", no entanto, dada a falta de visibilidade e por prudência, revimos o programa de capex [investimento] e retiramos" as orientações para este ano, refere a dona do Pingo Doce, no comunicado dos resultados do primeiro trimestre.
Em 20 de fevereiro, o grupo anunciou que pretendia investir entre 700 e 750 milhões de euros este ano.
"A informação de que dispomos até ao momento permite-nos já concluir que todos os negócios serão impactados por esta pandemia, dependendo o grau e a profundidade dos impactos do tempo que durarem os seus efeitos e as correspondentes restrições e medidas de condicionamento adotadas nos diferentes países", salienta o grupo, que está presente em Portugal, Polónia e Colômbia.
"Dada a imprevisibilidade atual da evolução da pandemia, entendemos não estarem ainda reunidas as condições necessárias para uma estimativa válida sobre o impacto potencial desta crise na atividade do ano. Assim, e seguindo um critério de prudência, retiramos o 'guidance' comunicado em 20 de fevereiro", aquando dos resultados anuais de 2019, acrescenta a dona do Pingo Doce.
"Fechámos o primeiro trimestre do ano com um crescimento de vendas assinalável, o que traduz a força competitiva dos vários negócios e a flexibilidade e resiliência das nossas operações, mesmo quando postas à prova por uma ameaça sem precedentes, como é o caso da pandemia" de covid-19, afirma o presidente e administrador-delegado da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, citado em comunicado.
"Os primeiros impactos da crise sanitária mundial começaram a fazer-se sentir -- ainda que com intensidades diferentes consoante o estádio de evolução da situação epidemiológica em cada país (Polónia, Portugal e Colômbia) -- a partir da primeira quinzena de março", prossegue o gestor.
"As nossas equipas responderam rapidamente de forma diligente e com extraordinário sentido de compromisso" e nos três países onde o grupo está presente "as equipas mostraram flexibilidade e prontidão na adoção das medidas necessárias para, numa realidade que é muito dinâmica, garantir a distribuição continuada de bens essenciais pelas nossas lojas e responder a situações de emergência social", salienta Pedro Soares dos Santos.
"Neste momento, existe ainda uma visibilidade muito reduzida sobre a escala e a profundidade que os efeitos desta pandemia poderão assumir. Num contexto que é de elevada incerteza, garantiremos todo o apoio às nossas pessoas e estou seguro de que as nossas equipas vão continuar, como até aqui, a dar provas do seu sentido de missão e de serviço para com os consumidores, as comunidades onde operam e os nossos parceiros da cadeia de abastecimento", assevera.
"Esta crise encontra o nosso grupo numa situação financeira sólida, depois de um ano de fortes resultados como foi o de 2019", mas "aconselha, no entanto, a prudência que, num quadro de recessão global, reforcemos a gestão conservadora do nosso balanço, mantendo a flexibilidade para capturar eventuais oportunidades", defende Pedro Soares dos Santos.
"Assim, decidiu o Conselho de Administração rever a proposta de distribuição de dividendos inicialmente apresentada, reduzindo excecionalmente o 'payout' a 30% dos resultados consolidados", conclui o presidente.
O lucro da Jerónimo Martins recuou 44% no primeiro trimestre, face a igual período de 2019, para 35 milhões de euros.