Crise expôs lacunas devastadoras na proteção social, diz a OIT

A pandemia covid-19 "expôs lacunas devastadoras" na proteção social nos países em desenvolvimento, alerta a OIT, num relatório divulgado hoje, segundo o qual 55% da população mundial não está coberta pela Segurança Social ou assistência social.

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Lusa
14/05/2020 16:38 ‧ 14/05/2020 por Lusa

Economia

Covid-19

 

Segundo o relatório sobre as respostas da proteção social à pandemia covid-19 nos países em desenvolvimento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), "a crise da covid-19 expôs lacunas devastadoras na cobertura de proteção social" nesses países e, para prevenir futuras crises, é necessário colmatar essas falhas.

De acordo com o documento, 55% da população mundial (cerca de quatro mil milhões de pessoas) não está coberta pela Segurança Social ou pela assistência social.

A nível mundial, apenas 20% das pessoas desempregadas estão cobertas por subsídios de desemprego e, em algumas regiões, a cobertura é muito inferior.

Um outro documento da OIT sobre as baixas por doença e a quarentena mostra que a crise de saúde relacionada com a covid-19 "expôs dois dos principais efeitos adversos das lacunas na cobertura do subsídio de doença".

"Em primeiro lugar, essas lacunas de proteção podem obrigar as pessoas a ir trabalhar quando estão doentes ou deviam estar em quarentena, aumentando assim o risco de infetar outras pessoas", afirma a organização.

"Em segundo lugar, a perda de rendimento que lhe está associada aumenta o risco de pobreza para os trabalhadores e trabalhadoras e suas famílias, o que poderá ter um impacto duradouro", acrescenta a OIT.

A organização defende que a proteção social é "um mecanismo indispensável para prestar apoio aos indivíduos durante a crise".

"Embora o vírus não discrimine entre ricos e pobres, os seus efeitos são extremamente desiguais", pode ler-se no documento, acrescentando que a capacidade de aceder a cuidados de saúde acessíveis e de qualidade tornou-se "uma questão de vida ou de morte".

No documento, a OIT adverte ainda os responsáveis políticos para que evitem um enfoque único na covid-19, porque isso poderia reduzir a disponibilidade dos sistemas de saúde para responderem a "outras condições que matam pessoas todos os dias".

Como exemplo, a organização refere que durante a epidemia de Ébola, o foco neste vírus agravou a mortalidade por malária, tuberculose e VIH/Sida.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 297 mil mortos e infetou mais de 4,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 1,5 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.184 pessoas das 28.319 confirmadas como infetadas, e há 3.198 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou agora a ser o que tem mais casos confirmados (1,88 milhões contra 1,81 milhões no continente europeu), embora com menos mortes (113 mil contra 161 mil).

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num "grande confinamento" que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.

 

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