"A evolução do PIB [Produto Interno Bruto] no primeiro trimestre está totalmente alinhada com as estimativas para a atividade setorial apresentadas no Programa de Estabilidade. A severidade da quebra da economia está bem espelhada no impacto que as três últimas semanas de março tiveram na evolução do PIB no primeiro trimestre", pode ler-se no comunicado das Finanças enviado hoje às redações, depois de conhecidos os números do PIB do primeiro trimestre.
De acordo com o Programa de Estabilidade, que não inclui cenário macroeconómico, comércio a retalho, restauração e alojamento são responsáveis por cerca de metade do impacto negativo de 6,5 pontos percentuais no PIB anual a cada 30 dias úteis de confinamento.
Uma parte significativa do impacto negativo do confinamento advém da evolução verificada no setor do comércio a retalho e na restauração e alojamento, refere o Governo no PE, acrescentando que "este setor explicará aproximadamente metade do impacto total estimado no PIB, seguido pelo setor da indústria (transformadora e extrativa) cuja evolução contribuirá, por si só, para um impacto de -1,6 pontos percentuais".
O PIB português caiu 2,4% no primeiro trimestre do ano face ao mesmo período de 2019, devido aos efeitos económicos da pandemia de covid-19, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Já relativamente ao último trimestre de 2019, a recessão foi de 3,9%, depois de um aumento de 0,7% em cadeia face ao terceiro trimestre de 2019. De acordo com a Universidade Católica, trata-se da maior queda entre trimestres desde 1977.
O ministério liderado por Mário Centeno assinala, no comunicado divulgado hoje, que a quebra "interrompe 23 trimestres consecutivos de crescimento", dado que "reflete já o forte impacto que a pandemia de covid-19 teve na atividade económica em março".
As Finanças assinalam também que "alguns dos principais parceiros comerciais de Portugal registaram contrações bastante acentuadas, como Espanha (-4,1%), França (-5,4%), ou Itália (-4,8%), contribuindo para o comportamento negativo das exportações".
"A evolução da economia nos próximos meses dependerá do progresso na situação epidemiológica e do êxito do levantamento gradual das medidas restritivas que foram decretadas em Portugal e na União Europeia, espaço que absorve mais de 70% das exportações nacionais", assinala o gabinete de Mário Centeno.
O "Grande Confinamento" levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.
Para Portugal, o FMI prevê uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020.
Já a Comissão Europeia estima que a economia da zona euro conheça este ano uma contração recorde de 7,7% do PIB, como resultado da pandemia da covid-19, recuperando apenas parcialmente em 2021, com um crescimento de 6,3%.
Para Portugal, Bruxelas estima uma contração da economia de 6,8%, menos grave do que a média europeia, mas projeta uma retoma em 2021 de 5,8% do PIB, abaixo da média da UE (6,1%) e da zona euro (6,3%).