"Este é um salto na integração, com certeza. Dívida comum, um debate sobre impostos da União Europeia e uma grande quantidade de dinheiro comum para combater esta crise", afirmou o ministro das Finanças em entrevista à cadeia norte-americana CNBC.
O presidente do grupo de ministros das Finanças da zona euro considerou ainda que, "infelizmente, é muito mais fácil fazer este tipo de progressos em tempo de crise do que quando o sol está a brilhar", relevando "a excelente resposta que a nível nacional e da União" está a ser dada para combater a crise associada à pandemia de covid-19.
"Se se comparar o tamanho disto [da resposta europeia] ao que era esperado nos anteriores instrumentos orçamentais para a competitividade e convergência na zona euro, é quase 75 vezes maior", destacou Centeno, realçando que este "é um momento muito importante para a Europa".
O presidente do Eurogrupo reconheceu também que é sabido que "é necessário completar as instituições, e definitivamente a dívida comum é uma dessas instituições para a Europa".
"Penso que é absolutamente claro hoje que tanto a política orçamental como a monetária se juntaram de uma maneira muito forte para lutar contra esta crise única. Temos de assegurar que é uma crise temporária, que não tem nenhuma dimensão estrutural por detrás", afirmou o ministro.
Mário Centeno prosseguiu que a dificuldade "não se pode tornar numa crise financeira porque isso seria muito negativo para todos, portanto o diálogo entre a política orçamental e a dimensão monetária na Europa já vem de há algum tempo".
"Não tenho dúvidas de que desta vez atuámos unidos", completou.
Já sobre a sua possível permanência como presidente do Eurogrupo, o ministro das Finanças português disse que o processo de eleição do novo presidente começará no dia 11 de junho, e que tomará "as decisões até essa data".
"Elas serão anunciadas primeiro aos meus colegas, e depois a todos", disse Mário Centeno.
Na quarta-feira, a Comissão Europeia apresentou uma proposta de fundo de recuperação de 750 mil milhões de euros para minimizar os efeitos económicos e sociais da pandemia de covid-19, do qual se prevê que Portugal possa beneficiar de 26,3 mil milhões de euros.
A Comissão Europeia propõe que 500 mil milhões de euros sejam canalizados para os Estados-membros através de subsídios a fundo perdido e os restantes 250 mil milhões na forma de empréstimos.