A denúncia foi feita pelo coordenador do STRUN, José Manuel Silva, à margem de uma manifestação à porta da Associação Nacional de Transportes de Passageiros (ANTROP), que reuniu cerca de 20 motoristas de autocarros.
"Enviámos [no dia 31 de maio] uma carta ao primeiro-ministro a denunciar que as empresas em 'lay-off' não estão a cumprir, pois recebem os subsídios e mantêm as viaturas que servem a população paradas. Isto dá-lhes jeito porque, para além disso, não gastam gasóleo nem pneus e a maior parte deitou os seguros abaixo", descreveu o sindicalista.
Na base da acusação do STRUN está o "benefício pelas empresas dos subsídios do Programa de Apoio à Redução Tarifária, Programa de Apoio à Densificação e Reforço da Oferta de Transportes Públicos e o apoio aos passes dos oito aos 18 anos".
Enfatizando estar a "denunciar uma fraude", José Manuel Silva acrescentou haver já consequências da "manutenção dos autocarros parados" pelas empresas, alertando que "há utentes que estão ameaçados de perder o emprego por causa da falta de transporte".
Informando que "estão nesta ilegalidade todas as empresas [do setor] do país em 'lay-off'", o dirigente do STRUN precisou que "uma parte delas, de serviço público, faz apenas o transporte dos alunos do 11.º e 12.º ano que estão em aulas, e que está a ser pago como um extra pelas câmaras".
"O que elas estão, no fundo, é a sangrar a Segurança Social. São milhares os trabalhadores abrangidos. Nas empresas do Norte, 90% deles estão em 'lay-off' e os que estão a trabalhar, em vez de trabalharem as oito horas diárias fazem 12 e 14 horas, e acabam por receber tanto como os que estão sem trabalho porque lhes é aplicada a tabela do 'lay-off'", continuou o sindicalista.
Neste cenário, reiterou, "na maioria das zonas urbanas do Norte não há transporte disponível", voltando depois à carta enviada a António Costa para reclamar do Estado que "deve verificar" o que se passa e "obrigar as empresas a cumprir os horários e percursos normais, servindo a população".
Motorista no distrito de Braga, Filipe Azevedo, revelou "estar parado desde 01 de abril" e que foi informado que vai continuar sem trabalhar "até ao final de junho", isto apesar das populações "não terem transporte".
"É uma autêntica vigarice que está a ser feitas às pessoas, mas também ao Estado", apontou o motorista que disse ter o sindicato conhecimento de que "até no setor das mercadorias há clientes a pedir camiões, respondendo as empresas que não os têm, mas sem dizer porquê, escondendo, assim, preferir manter-se em 'lay-off'".
Acusando serem os "patrões quem está a boicotar a retoma da economia", Filipe Azevedo manifestou também a preocupação de que o "desemprego vai aumentar".