"Os apoios concedidos desse ponto de vista são também já números muito expressivos: aquilo que nós estimamos é que eles possam atingir qualquer coisa como 250 milhões de euros de incentivos às empresas que procuram adaptar a sua atividade àquilo que é a circunstância do momento que vivemos", disse o governante, que falava esta manhã numa audição regimental da Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, na Assembleia da República.
Já os apoios específicos para a readaptação das atividades produtivas do lado das empresas, representaram propostas de investimento por parte de empresas de diferentes setores industriais no montante de 720 milhões de euros, afirmou o secretário de Estado.
"As decisões tomadas rondam cerca de 140 milhões de euros de incentivos e, neste período, já fizemos pagamento de cerca de 40% desse montante", acrescentou.
João Neves lembrou ainda que "globalmente, os investimentos propostos pelas empresas de natureza industrial neste período, no âmbito dos diferentes anúncios e avisos de abertura de concursos que foram efetuados, atingem mais de dois mil milhões de euros".
Para o governante, estes dados expressam a "convicção das empresas de que, na resposta que têm que fazer para o futuro, o investimento é essencial para que essa dimensão de adaptação às circunstâncias possa ser alcançada".
O secretário de Estado sublinhou ainda que tem vindo a verificar-se uma recuperação das encomendas, que não é semelhante em todos os setores, dependendo da natureza desses mesmos setores, destacando o têxtil, vestuário e calçado, que tem hoje taxas de ocupação de à volta de 75%, "bastante abaixo daquilo que eram num período homólogo, mas bastante mais significativo do que nos períodos de maior impacto da crise de natureza pandémica", esclareceu.
João Neves adiantou que os pagamentos no âmbito do Portugal 2020 dirigidos especificamente a empresas foram, neste período, no montante de 520 milhões de euros.
Segundo o governante, isso reflete uma "taxa de pagamento bastante superior àquilo que era tradicional em anos anteriores".
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 538 mil mortos, incluindo 1.629 em Portugal.
As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.
Para Portugal, a Comissão Europeia prevê que a economia recue 9,8% do PIB em 2020, uma contração acima da anterior projeção de 6,8% e da estimada pelo Governo português, de 6,9%
O Governo prevê que a economia cresça 4,3% em 2021, enquanto Bruxelas antecipa um crescimento mais otimista, de 6,0%, acima do que previa na primavera (5,8%)
A taxa de desemprego deverá subir para 9,6% este ano, e recuar para 8,7% em 2021.
Em consequência da forte recessão, o défice orçamental deverá chegar aos 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 e a dívida pública aos 134,4%.