Centeno quer BdP de "portas abertas" em prol do "serviço público"
O ex-ministro Mário Centeno já tomou posse como governador do Banco de Portugal (BdP). No discurso, destacou a importância de a instituição não viver "fechado sobre si própria".
© Reuters
Economia Mário Centeno
Mário Centeno já é, oficialmente, governador do Banco de Portugal (BdP). A cerimónia de tomada de posse decorreu esta segunda-feira, no salão nobre do Ministério das Finanças, em Lisboa, local onde Centeno defendeu, num breve discurso, um supervisor da banca de "portas abertas" em prol do "serviço público".
"Não cabe ao BdP viver para si próprio e fechado sobre si próprio. Isso não assegura a independência, cria antes a irrelevância", afirmou Mário Centeno, que considera que não depende da instituição ter "estados de alma".
O ministro das Finanças, João Leão, que também discursou na cerimónia, felicitou Centeno, alertando que ocupará o cargo num quadro exigente, criado pela pandemia da Covid-19, mas mostrando-se otimista relativamente à nomeação: "Estou confiante que o professor Mário Centeno é a pessoa certa para liderar o BdP neste momento exigente".
"Assumo perante vós, com honra e entusiasmo, um compromisso de serviço público", começou por dizer Centeno, revelando ser "uma enorme honra" fazê-lo "no salão nobre do Ministério das Finanças", aquela que foi a sua 'casa' durante os últimos quatro anos e meio. "A minha relação com o BdP vem desde 1993", lembrou o ex-ministro das Finanças, vincando que o "Banco de Portugal é fulcral".
Segundo Centeno, o BdP enfrenta quatro desafios estratégicos: assegurar uma "supervisão eficiente e exigente"; "participar e influenciar a política monetária da zona euro"; "definir uma política macroprudencial, que assegure a estabilidade do sistema financeiro" e "credibilizar as estratégias, os mecanismos e o processo de resolução bancária".
A escolha de Centeno para o cargo foi polémica, pelo facto de este responsável passar quase diretamente do Ministério das Finanças (onde foi ministro até junho) para o BdP, quando em 9 de junho foi aprovado no parlamento, na generalidade, um projeto do PAN que estabelecia um período de nojo de cinco anos entre o exercício de funções governativas na área das Finanças e o desempenho do cargo de governador.
Mário Centeno sucede a Carlos Costa, cujo segundo mandato terminou a 8 de julho, depois de 10 anos à frente daquela instituição.
Pode rever aqui a cerimónia de tomada de posse:
Em direto: Cerimónia de apresentação do Governador do Banco de Portugal https://t.co/ky213D9KiP
— República Portuguesa (@govpt) July 20, 2020
Mário Centeno nasceu no Algarve em 1966 e licenciou-se em economia no ISEG, em Lisboa (onde chegou a professor catedrático). Depois de regressar de Harvard com um doutoramento, em 2000, ingressou no BdP, instituição na qual foi economista, diretor-adjunto do Departamento de Estudos Económicos e consultor da administração.
Entre novembro de 2015 e junho de 2020 foi ministro das Finanças dos dois governos PS liderados por António Costa.
Foi eleito presidente do Eurogrupo, o grupo de ministros das Finanças da zona euro, e levou as contas públicas portuguesas ao primeiro saldo positivo em democracia, mais concretamente desde o ano de 1973.
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