O relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) apresenta dois cenários: um sem e outro com um ressurgimento da pandemia da covid-19 no outono.
Caso haja uma nova vaga de casos antes do final do ano, a economia grega cairá 9,8% em 2020 e, se o contágio for controlado e não houver ressurgimento, em 8%.
Em ambos os cenários, a economia recuperará parcialmente em 2021 e crescerá 4,5% se não houver ressurgimento e 2,3% se houver um ressurgimento.
Apesar dos últimos três anos consecutivos de crescimento, a Grécia continua a ser o país com a maior taxa de desemprego da União Europeia (UE). Este ano, o desemprego aumentará entre 3,5 e 3,8 pontos percentuais, pela primeira vez após seis anos de declínio constante, para 21% ou 21,3% da população ativa.
"A crise da covid-19 interrompeu o processo de recuperação grego e os ganhos duramente conquistados na reconstrução da confiança (dos investidores). Contudo, a eficácia da gestão da crise pela Grécia até agora, incluindo uma rápida mudança de muitos serviços públicos para plataformas digitais nos últimos meses, mostra os benefícios das reformas nos últimos anos", disse o economista-chefe da OCDE, Laurence Boone, no lançamento do relatório.
De acordo com a OCDE, o desemprego cairá para 20% da população ativa no próximo ano apenas se não houver uma nova onda de contágio neste outono, mas, se não houver, subirá para 23,1% da população ativa.
O relatório prevê também uma redução entre 14,3% e 17,3% na formação bruta de capital fixo para este ano. Em 2021, a formação bruta de capital fixo aumentará em 8,7% se o país escapar a uma nova vaga da pandemia.
As exportações cairão de 11,1% e 13,6% em 2020, enquanto que aumentarão 8,7% no próximo ano se não houver surto da pandemia e cairão 1,3% se houver.
As importações cairão entre 8,2% e 10,8% este ano, aumentando entre 0,5% (com um surto pandémico) e 9,7% (sem um surto) em 2021.
A OCDE salientou que o Governo grego reagiu rapidamente à pandemia e tomou uma série de medidas para proteger os rendimentos das famílias e fornecer liquidez às empresas, e recomendou que as próximas medidas continuem nesta direção.
A organização também recomendou ao Governo da conservadora Nova Democracia para aumentar os programas de luta contra a pobreza, que ameaça principalmente os jovens.
A OCDE exortou o Governo grego a implementar políticas para reduzir o desemprego - especialmente o desemprego de longa duração - e destacou a elevada proporção de mulheres e jovens inativos, e solicitou que fosse dada ênfase à formação profissional dos desempregados, para que as suas competências profissionais correspondam às necessidades da economia.
O relatório também apelou para a redução de impostos, que, juntamente com a lentidão da justiça e da administração pública, são alguns dos principais fatores que impedem a atração de investidores para o país.