A Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht) adiantou, numa nota hoje divulgada, que "na véspera de mais uma jornada de luta dos trabalhadores, que consistiria numa concentração nacional de protesto, amanhã [quarta-feira], junto aos escritórios da Risto Rail [que fornece estes serviços à CP], na estação de Santa Apolónia, os trabalhadores receberam a boa noticia da reabertura dos bares dos comboios Alfa Pendular e Intercidades".
Assim, "os comboios já estão a circular com serviço de refeições a bordo", o que representa uma "grande vitória destes 120 trabalhadores que tiveram cortes salariais durante quatro meses e viviam um futuro incerto, com a LSG/Lufthansa [dona da Risto Rail] a ameaçar com o não pagamento do salário de agosto, o encerramento definitivo dos bares, a insolvência da sua sociedade em Portugal" bem como "o despedimento coletivo de todos os trabalhadores", de acordo com o comunicado.
Na mesma nota, a Fesaht garantiu que "a luta vai continuar pela valorização e reposição de todos os serviços a bordo ao cliente, quer de boas vindas quer do serviço de minibar ao lugar, até por razões de saúde e proteção dos trabalhadores e utentes".
O protesto marcado para quarta-feira foi desconvocado, mas mantém-se, no mesmo dia, uma reunião no Ministério do Trabalho, entre a CP, Risto Rail e os trabalhadores, para debater várias questões, disse Francisco Figueiredo, da Fesaht, à Lusa.
De acordo com o responsável, "nem todos os serviços serão retomados", estando para já suspenso "o serviço ao lugar" o que vai "levar a uma maior concentração de clientes no bar".
A organização quer ainda garantir a manutenção de todos os postos de trabalho e o pagamento dos salários de agosto.
A retoma do serviço de bares esteve prevista para a semana passada, mas só hoje se concretizou.
Em 06 de agosto, a Fesaht disse que a CP estava disposta a aceitar a "retoma imediata do serviço a 100%" nos bares dos comboios de longo curso, permitindo que os 120 trabalhadores a Risto Rail voltassem ao trabalho.
"A CP informou-nos de uma proposta para retomar o serviço a 100%, o que para nós é uma novidade", indicou Francisco Figueiredo à Lusa nesse dia, depois de um plenário, junto à sede da operadora.
No dia 15 de julho, o mesmo responsável deu conta de uma reunião ocorrida entre os sindicatos e a Risto Rail, em que a empresa disse que não colocaria em Portugal "nem mais um cêntimo".
Em causa está a suspensão do serviço, devido à covid-19, que levou a que a CP deixasse, de acordo com o dirigente sindical, de pagar uma mensalidade de perto de 120 mil euros à empresa.
"Como medida de prevenção de contactos e garantia de cumprimento das medidas de distanciamento social, decorrentes da pandemia por covid-19, a CP viu-se forçada a suspender a prestação dos serviços a bordo dos comboios de Longo Curso, Alfa Pendular e Intercidades, desde o passado dia 19 de março de 2020", disse, por sua vez, a CP, em resposta escrita à Lusa.
De acordo com a mesma fonte oficial, em junho a operadora "encetou negociações com o prestador de serviços [Risto Rail] com vista à retoma do serviço de bar, nos referidos comboios, alinhado com o cenário de pandemia que se vive e com os constrangimentos daí resultantes".
A porta-voz do grupo LSG, a marca de 'catering' da Lufthansa, que detém a Risto Rail recordou, por sua vez, que esta empresa "não tem estado a prestar serviços a bordo dos comboios da CP desde 19 de março" o que levou à decisão de "colocar os 120 trabalhadores em 'lay-off'".
O grupo LSG realçou que a decisão de suspender o serviço foi da CP, devido à pandemia de covid-19 e que, depois das primeiras medidas de desconfinamento, "a Risto Rail contactou a operadora imediatamente para retomar as atividades nos termos contratuais".