"A ideia de que os contribuintes portugueses tenham de pagar 1,2 mil milhões de euros para manter uma companhia aérea que tem uma cor especial na cauda do avião é escandalosa. Não existem transportadoras nacionais, estamos todos na União Europeia", afirmou o líder da companhia aérea 'low-cost' irlandesa em entrevista telefónica à Lusa, mostrando-se confiante no resultado de um processo que o grupo apresentou, junto do Tribunal de Justiça da União Europeia, a contestar esta ajuda.
Eddie Wilson disse ainda que "se o Governo português tem 1,2 mil milhões de euros em trocos para companhias áreas o que devia ter feito era abolir as taxas nos aeroportos portugueses nos próximos três anos e encorajar as companhias aéreas a trazer mais tráfego, o que criaria mais empregos".
"Esta ideia é escandalosa, antieuropeia e anticoncorrencial e não faz nada para promover o investimento em Portugal", vincou.
O presidente da Ryanair acredita que "a capitalização da TAP vai ser o maior desperdício de dinheiro de sempre em Portugal e não fazer nada para criar mais rotas e conectividade".
A Ryanair apresentou, para já, seis processos contra as ajudas às companhias aéreas europeias, incluindo a concedida à TAP.
"O projeto europeu passava por abrir os mercados para que os cidadãos da União Europeia tivessem acesso a preços de alimentação mais reduzidos, a menos custos bancários, a telemóveis e carros mais baratos. Quando chegamos à aviação toda a gente perde a cabeça e diz que tem de ter uma companhia aérea nacional", lamentou Eddie Wilson, rematando que esta estratégia "vai fazer estragos enormes ao projeto europeu e à credibilidade da Comissão Europeia".
De acordo com informação oficial a que a agência Lusa teve acesso no dia 27 de agosto, confirmada pela Ryanair, um dos recursos apresentados pela companhia aérea de baixo custo contra autorizações da Comissão Europeia a ajudas estatais à aviação em altura de profunda crise no setor causado pela pandemia diz respeito ao apoio português à TAP e deu entrada no tribunal geral no passado dia 22 de julho.
Esse recurso visa anular a decisão de 10 de junho, quando o executivo comunitário deu 'luz verde' a um auxílio de emergência português à TAP, um apoio estatal de 1,2 mil milhões de euros para responder às "necessidades imediatas de liquidez" dada a pandemia de covid-19, com condições predeterminadas para o reembolso.
De acordo com uma notícia do jornal Público, no caso da TAP, a Ryanair apresentou ao tribunal geral cinco fundamentos legais para tentar anular o apoio estatal, argumentando desde logo que não ficou devidamente definido que "o auxílio de emergência contribui para um objetivo bem definido de interesse comum, adequado e proporcionado, e sem efeitos negativos indevidos" na concorrência.