O ministro de Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, deixou, este sábado, um alerta quanto a uma possível vaga de despedimentos após outubro: "Temos de estar preparados para tudo. Temos que nos preparar para o pior".
Recordando que este mês termina a proibição das empresas que aderiram ao lay-off simplificado de despedir trabalhadores, em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo esta manhã, o governante conjecturou, ainda assim, que esta eventual vaga de despedimentos durante o outono possa ser mais suave, graças aos restantes apoios às empresas e taxas de subutilização do trabalho avançados pelo Estado.
"O papel do Estado é dar esta espécie de cobertura contra risco e incerteza. (...) Estamos a dar apoios adicionais para que [as empresas] possam ir mantendo enquanto a procura não regressa", sublinhou.
Apesar de ter avisado que "não podemos estar optimistas" em relação à economia, contudo, Siza Vieira admitiu que o pior já passou: "Optimistas não podemos estar, porque a quebra da procura é muito significativa - caiu consumo, caíram exportações, caiu o investimento muito significativamente porque os agentes económicos estão retrair-se em função da incerteza da situação sanitária. Mas também é verdade que os dados que vamos tendo mês após mês mostram aquilo que eu disse há umas semanas e que foi mal interpretado: o máximo da contracção da economia já ficou para trás em Portugal, no resto da Europa, no resto do mundo".
Siza Vieira também se mostrou confiante num futuro melhor e não deixou de prever um quadro económico de recuperação do país, aquando uma certa 'normalidade' voltar a ser realidade.
"A convicção é que quando houver uma normalização da situação sanitária este consumo vai recuperar-se. As viagens vão voltar, as pessoas voltarão a despender e o investimento vai voltar a crescer", previu o ministro.
Ainda numa perspectiva positiva, Siza Vieira considerou que Portugal saiu-se bem perante "a violência da contracção da economia". Segundo o governante, "8,1% de taxa de desemprego é verdadeiramente notável". "Estamos ao nível de 2017, que foi um ano muito bom. O número de pessoas empregadas subiu em julho e agosto relativamente aos meses anteriores", argumentou.